quarta-feira

Nomenclatura de espécies de madeira

As madeiras freqüentemente recebem nomes de acordo com os nomes populares das árvores das quais são extraídas. Como exemplo tem-se a espécie orelha de macaco que é conhecida por esse nome devida o seu fruto ter semelhança com uma orelha de macaco.
Devido à grande quantidade de espécies de madeiras tropicais, à extensa região de ocorrência e ao significativo fluxo de comercialização, observam-se a utilização de múltiplos nomes comerciais para uma mesma madeira, bem como a existência de diferentes madeiras comercializadas sob um mesmo nome. Observa-se ainda, com freqüência, que os nomes são dados pela suposta semelhança com outras madeiras mais conhecidas e consagradas pelo uso, ou ainda, a adoção de termos como padrão cerejeira, padrão mogno, padrão sucupira e outros. Com esta diversidade de madeiras e nomes comerciais, torna-se difícil saber a realidade do comércio das madeiras tropicais, pois muitas dessas espécies ocorrem em outros países e já possuem outra nomenclatura comercial.
Desta maneira, podemos observar, que uma mesma espécie que tem uma distribuição ampla, possui vários nomes baseados em diferentes conceitos e um mesmo nome usado para espécies diferentes, mas muitas vezes, não têm nada em comum. Por outro lado, padronizações mais abrangentes, também são difíceis de serem adotadas, ainda mais se tratando de países com línguas diferentes.
A nomenclatura botânica é o único sistema de nomenclatura internacionalmente aceito, no qual as madeiras são denominadas pelo nome da espécie de onde são extraídas. Qualquer padronização de nomenclatura com vistas a organizar o mercado madeireiro, deve, obrigatoriamente, estar associada a esta nomenclatura.

Nomenclatura botânica

O número de espécies vegetais conhecidas é muito grande, exigindo, a nível mundial, um sistema que apresente os princípios básicos, as regras e as recomendações a serem seguidas quando se referir a um vegetal. Assim como os animais, também existem entre os vegetais um parentesco que permite fazer agrupamentos baseando-se em características comuns morfológicas, anatômicas e químicas dos órgãos vegetativos e reprodutivos.
A unidade básica de um sistema de classificação é a espécie e em ordem ascendente da escala tem-se:
gênero, família, classe e divisão; podendo ter outras categorias intermediárias como subfamílias, tribos, subtribos, subclasses, etc. Dessa maneira, cada espécie pertence a um gênero. Grupos de gêneros similares a uma família e às famílias, por sua vez, são arranjados em ordens; e as ordens em outras divisões mais abrangentes do reino vegetal. Estas, por sua vez, são agrupadas em linhas evolutivas que resultam em vários sistemas de classificação, sobre os quais não trataremos neste contexto.
O nome de uma espécie é uma combinação de duas palavras (nomenclatura binomial), escritas em latim, sendo a primeira o nome genérico indicativo do grupo a que pertence e a segunda, o nome específico denominado de epíteto específico. Para que o nome da espécie seja preciso e completo, é necessário que seja citado o nome do autor ou autores que fizeram, pela primeira vez, a descrição da espécie.
Exemplo de duas espécies de vegetais colocados em seus respectivos grupos botânicos:


As duas espécies acima pertencem a dois grandes grupos de vegetais produtores de madeiras, com características morfológicas e anatômicas distintas entre si. Na Divisão Angiospermae (latifoliadas) estão as plantas com folhas largas e sementes envolvidas por uma casca. Este grupo é também conhecido por hardwoood por ser representado por madeira de maiores massa específica, como o ipê, a maçaranduba, o cumaru e outras.
Na Divisão Gymnospermae (coníferas) estão as plantas com folhas aculiformes (em forma de agulhas) e “frutos” sem casca, em forma de cone com sementes expostas. Esse grupo é conhecido também por sofwood por ser representado, geralmente, por madeira de massa específica mais baixa como espécies do gênero Pinus, o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze) e outras.

Fonte: Melo, J.E.; Camargos, J.A.A. A madeiras e seus usos. 228 p. Brasília. 2011.

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