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sexta-feira

O abacateiro - Persea americana

O abacateiro é espécie originária da América, tendo como centro de origem o México e a América Central.

Atualmente, o seu cultivo se estende a quase todas as zonas tropicais e subtropicais, porém, economicamente, só é cultivado no sul dos Estados Unidos, África do Sul, Havaí, Israel, parte tropical da Austrália e Brasil.
O abacateiro surgiu no Brasil no início do século XIX, vindo da Guiana Francesa, em 1809. Porém, só a partir de 1920 é que se iniciaram introduções de variedades dos Estados Unidos.
Na Argentina o abacate é conhecido por aguacate ou palta; no México chamam-no de ahuaca ou ahuacaco; nos Estados Unidos avocado; na Inglaterra butter-pear; na França persée ou avocat
O abacateiro pertence ao gênero Persea, da família Lauraceae. Duas são as espécies importantes em fruticultura: Persea americana Mill (guatemalense e antilhana) e Persea drymifolia Cham e Schlect (mexicana). BAILEY, em 1951, classificou a Persea drymifolia como Persea americana var. drymifolia, Blake.

Apresenta um porte de médio a elevado, podendo atingir de doze a vinte metros. O porte é maior nas plantas originárias de sementes do que nas enxertadas.
A copa pode apresentar-se ereta ou espalhada, e os ramos inferiores têm tendência natural a se dirigir no sentido do solo.
O tronco e as ramificações são medianamente resistentes. A casca é fina e verde quando a planta é nova, passando, com a idade, a corrugada e de cor acinzentada.
O sistema radicular é relativamente bem desenvolvido, as raízes são grossas, as cascas carnosas e quebradiças.
O abacateiro é planta de folhas persistentes. Contudo, algumas variedades apresentam hábito caducifólio, isto é, há, antecipando o período de florescimento, uma queda total das folhas, que a seguir se renovam. As folhas são inteiras, alternadas, curto-pecioladas, com 10 a 30 cm de comprimento, apresentando as mais diversas formas, desde largamente ovaladas a lanceoladas. Folhas novas apresentam uma leve cor bronzeada, que desaparece com a maturação.
As flores são pequenas, de cor verde-amarelada, bissexuais, com 0,5 a 1,5 cm de diâmetro, produzidas em grande número e dispostas em panículas terminais levemente pubescentes, com brácteas e pedicelos tomentosos. Não possuem corola. Cálice com seis segmentos do perianto, unidos na base e arranjados em dois verticilos, sendo o interior maior do que o externo.

Os frutos exibem grande variação na forma, no tamanho e na cor. Com relação à forma, podem ser arredondados, oblongos, obovados, piriformes, ovalados etc. a cor da casca varia de verde-claro a avermelhado ou arroxeado. A casca pode se apresentar delicada nas variedades mexicanas, espessa e rugosa nas guatemalenses. A polpa é de consistência amanteigada, de cor creme, envolvendo uma semente grande, que apresenta teor de óleo entre 5 e 25%, potencialmente rica em sais minerais, com conteúdo elevado de proteínas e teor variável de vitaminas, sendo as mais importantes as do complexo B, ocorrendo as vitaminas A e E, mas o teor em vitamina C é muito baixo.

Composição química em 100 g do fruto:

Calorias                                        204,00
Água                                            71,70 g
Hidratos de  carbono                      5,63 g
Proteínas                                       2,15 g
Gorduras                                      19,30 g
Sais                                               1,20 g
Vitamina A                                   300 U.I.
Vitamina B¹ (Tiamina)               70.00 mcg
Vitamina B² (Riboflavina)        100.00 mcg
Vitamina B5 (Niacina)                   0.80 mg
Vitamina C (Ácido ascórbico)       10,20 mg


Sais em 100 g do fruto:

Fósforo                                        46,0 mg
Ferro                                             0,8 mg
Cálcio                                          30,0 mg

As sementes variam na forma, sendo que a sua base se acha em oposição ao pedúnculo. Um conjunto de fibras longas e finas com origem no pedúnculo atinge, através da polpa, a base da semente.

As sementes apresentam-se na forma de dois grandes cotilédones hemisféricos recobertos por dois tegumentos intimamente unidos.





Uso medicinal

O abacate é um alimento digno de mérito, pois sacia a fome, nutre todo o organismo e cura diversas enfermidades. É uma fruta que proporciona nutrição ao corpo e saúde a todos os seus órgãos. Combate os males produzidos pelo consumo de carne, perturbações digestivas, prisão de ventre, flatulências, abscessos estomacais, reumatismo, gota, afecções dos rins, do fígado, da pele, etc. É também um bom cosmético: conserva a beleza da pele e do cabelo.

Do abacate obtém-se um azeite muito bom para combater o reumatismo e a gota. Friccionam-se as partes afetadas e doloridas.

O mesmo azeite se emprega contra a formação de caspas e a queda de cabelo. Fazem-se fricções no couro cabeludo. Estas aplicações fazem crescer o cabelo.

As folhas e os brotos do abacateiro são usados, empiricamente em chás como diuréticos (para provocar urinação), como carminativos (para combater os gases do estômago e intestinos), como emenagogos (para provocar e restabelecer a menstruação).

Mastigam-se folhas frescas para curar as afecções da boca, as estomatites, as ânsias, as supurações, e para fortificar as gengivas e os dentes.

Para acalmar a nevralgia e dores de cabeça, aplicam-se compressas quentes com o chá das folhas à cabeça.

O chá das folhas se emprega com bons resultados nos seguintes casos: afecções da garganta, bronquite, catarros, cansaço, debilidade do estômago, diarréia, disenteria, dispepsia atônica, doenças dos rins, indisposição para o trabalho, rouquidão, supurações, tosse, etc.

As flores são emenagogas. A casca do fruto esmiuçada é boa para combater vermes intestinais. O caroço tostado e moído bem fino combate a diarreia e a disenteria. Tomam-se duas colherinhas do pó dissolvido em uma xícara com água morna.

Com cataplasma de caroço tostado e moído curam-se as inflamações dos dedos.

O chá do cozimento dos caroços é usado para combater os eczemas do couro cabeludo.


Valor nutritivo

O abacate é uma das frutas mais nutritivas que existem, justamente porque quase 30% do seu conteúdo é massa consistente.
O abacate tem quatro vezes mais valor nutritivo que os outros frutos, exceto a banana. Encerra, como já mostramos, fósforo, cálcio, e ferro em proporção apreciável. Nele se encontram quase todas as vitaminas, inclusive a vitamina C, uma das mais importantes.
Por conter pouco açúcar e quase nenhum amido, o abacate é muito recomendável aos diabéticos.
Seu abundante conteúdo em substâncias gordurosas, ao contrário do que sucede com as gorduras animais, não prejudica.
A manteiga do abacate, preparada com sal, um pouco de alho e cheiro verde, passada sobre o pão é muito saudável.
O abacate passado no liquidificador, com açúcar e suco de limão, é um creme saboroso e rico em vitamina C; batido com leite frio ou morno, constitui uma saborosa bebida; cortado em pedaços, nas saladas de frutas, torna uma refeição saborosa, nutritiva e saudável.
O abacate é uma fruta que deve figurar, com frequência, nas nossas refeições.
O abacate pode ser dado às crianças depois de um ano de idade.
Nos Estados Unidos, o abacate, de fruta exótica que dificilmente aparecia nos mercados, custando preços exorbitantes, tornou-se hoje barato e fácil de encontrar em qualquer época, pois os da Califórnia amadurecem no inverno e na primavera, e os da Flórida no verão e no outono.
De todas as variedades, os de casca verde são mais nutritivos. Nem sempre os de maior tamanho contêm polpa saborosa, e às vezes se apresentam insípidos e um pouco fibrosos.
Nunca se deve espremer o fruto com os dedos para comprovar-lhe o grau de maturação, porque as mais ligeira pressão pode originar o apodrecimento.
O abacate deve ser colhido à mão ou recorrendo a aparelhos próprios, com muito cuidado e um por um, procurando não sacudir os ramos para não danificar os pedúnculos.

Alimentação animal

Em caso de superabundância na produção de abacates, podem ser dados aos animas.
Nas Antilhas as cascas dos frutos, cozidas, são dadas ao gado.
Os frutos e as respectivas cascas tornam-se mais apetitosos e nutritivos quando se lhes junta um pouco de farelo e água, formando uma mistura pastosa.
Havendo, pois, superprodução ou sendo escassa a procura, podem-se aproveitar os abacates na alimentação dos animais em vez de deixá-los apodrecer no pomar.
Pode-se igualmente fabricar uma farinha desse fruto!

 
Fonte: Simão, Salim (1998) Tratado de fruticultura. Piracicaba: Fealq, 760p.
Balbach, Alfons (s.a) As frutas na medicina doméstica. 9ª Edição. São Paulo: M.V.P. 370p. 

Imagens: Google