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sexta-feira

Árvore: 61



Nome popular: Ipê de El Salvador, Ipê-rosa

Nome científico: Tabebuia pentaphylla Hemsl.

Sinonímia: Tabebuia heterophylla (DC.) Britton

Família: Bignoniaceae

Origem: El Salvador



ETIMOLOGIA

Tabebuia, do tupi, significa pau que não afunda; pentaphylla: penta = cinco, prefixo grego e phyllon = folha, com cinco folíolos.



ASPECTOS ECOLÓGICOS



Árvore de origem tropical, muito rústica e de e de rápido crescimento, é mais adaptada ás regiões de clima quente, não sendo recomendado o seu cultivo nas regiões de altitude do sul do Brasil onde ocorrem geadas frequentes no inverno.

É uma espécie da família Bignoniaceae, árvore exótica muito plantada no Brasil, onde é utilizada como árvore ornamental pelo florescimento na arborização urbana de parques, ruas e avenidas.


INFORMAÇÕES BOTÂNICAS



Pode alcançar 15-20 metros de altura, em média, é semidecídua, apresenta casca levemente fissurada no sentido longitudinal e lenticelas esparsas. Apresenta galhos longos, formando copa alongada constituída por folhas grandes de coloração verde-escura, compostas digitadas, com pecíolos longos, opostas, com cinco folíolos rígidos, sendo o central maior, de ápice alongado, de doze a dezoito centímetros de comprimento. As inflorescências terminais são densas, em panículas volumosas, com flores campanuladas com cinco recortes, de colorido variável, desde quase branco à rosa claro até rosa escuro, formadas normalmente de agosto à outubro. Seus frutos têm forma de cápsulas cilíndricas, deiscentes, com sementes aladas numerosas. Geralmente perdem suas folhas antes do florescimento, podendo mantê-las parcialmente. É uma espécie tropical, rústica, de rápido crescimento, adaptadas às regiões de clima quente e não recomendada para cultivo nas regiões de ocorrência de geadas.

No Brasil a espécie de caracteres botânicos similares a Tabebuia pentaphylla é o Handroanthus impetiginosa. No município do Rio de Janeiro, a arborização de logradouros públicos é feita com uma diversidade de espécies ornamentais, dentre elas, vários tipos de Ipês, destacando-se a espécie Tabebuia pentaphylla. Tem sido observado exemplares desta espécie com sintomas de ataque de patógenos caracterizado por formação de super brotações (envassouramento) nas gemas apicais das ramificações superiores da copa que com o decorrer do tempo tornam-se fisiologicamente inativas, descaracterizando o exemplar que floresce menos e com menor intensidade, apresentando um aspecto desagradável e aumentando os custos com a manutenção estética do indivíduo arbóreo.

Existem poucos estudos que relacionem o ambiente urbano com a ocorrência de doenças em árvores, no Brasil. Sabe-se, porém, que existe grande chance de surgirem problemas de origem abiótica, como as injúrias por descargas elétricas, as ações de origem antrópica ou distúrbios fisiológicos decorrentes do estresse, em áreas urbanas. Embora a espécie T. pentaphylla seja muito utilizada em arborização urbana, pouco se conhece sobre suas propriedades físicas, mecânicas e químicas.


CARACTERÍSTICAS E USOS DA MADEIRA



As madeiras do gênero Tabebuia são muito pesadas e duras, possuindo alta resistência mecânica e baixa retrabilidade volumétrica. A secagem destas madeiras ao ar é de média a rápida, e apresenta pequenos problemas de rachaduras e empenamentos, no entanto, a secagem artificial pode agravar a incidência de defeitos. Estas características as tornam moderadamente difícil de trabalhar, principalmente com ferramentas manuais, que perdem rapidamente a afiação.



FITOSSANIDADE:


PRAGAS

As espécies do gênero Tabebuia podem ser atacadas por:

Triozidae (Hemiptera:Psylloideae), identificados como Trioza tabebuia (Burckhardt & Santana, 2001), estes insetos descritos recentemente, estão relacionados ao enrolamento foliar de várias espécies de ipês. Segundo os autores, as ninfas desse psilídeo sugam a seiva das folhas novas, causando o enrolamento das bordas. Com isso as folhas ficam menores, enroladas e a planta perde área fotossintética. (

Rolepa unimoda (Dognin 1923) (Lepidoptera) - Lagarta das folhas, mariposa de coloração verde-clara uniforme, exceto nas áreas dorsolaterais do tórax, que apresentam tonalidade mais clara. Lagarta de coloração amarelo claro, com corpo revestido por pelos curtos, finos e hialinos e um pequeno processo no tergo do oitavo segmento abdominal. Pupas de coloração marrom-escura e opaca, com casulo rudimentar, encontradas sob folhas caídas. Os prejuízos são devido à desfolha das árvores.

Lonomia obliqua (Walker 1855) (Lepidóptera) – Lagarta de fogo, mariposa de coloração marrom-acinzentada (fêmea) ou amarelada (macho), com uma listra escura atravessando as asas anteriores e posteriores. Durante o dia as lagartas, de hábito gregário, são encontradas no tronco das árvores. Quando desenvolvidas, têm aproximadamente 70 mm de comprimento, coloração marrom, com três ou quatro manchas brancas dorsais em forma de U, listras negras longitudinais e cerdas deforma arbórea e coloração verde escura, pupa de coloração marrom escura, encontradas sob o solo ao redor da árvore. Além dos prejuízos causados pela desfolha, às pessoas que entram em contato com elas, podem ter acidentes hemorrágicos.

Além dos insetos aqui observados atancando Tabebuia spp., outros são citados na literatura, como por exemplo:

Phiditia cupea (Lepidoptera: Lymantriidae), Madoryx oiclus (Lepidodoptera: Sphingidae), Portenomorpha sp. (Lepidoptera: Pyraustidae), Rothschildia arethusa (Lepidoptera: Saturnidae), Dorynota belicosa  (Coleoptera: Chrysomelidae), Dorynota bidens (Coleoptera: Chrysomelidae), Dorynota ensifera (Coleoptera: Chrysomelidae), Dorynota monocerus (Coleoptera: Chrysomelidae), Dorynota pugionata (Coleoptera: Chrysomelidae), Dorynota spinosa (Coleoptera: Chrysomelidae), Charidotis auroguttata (Coleoptera: Chrysomelidae), Charidotis punctatostriata (Coleoptera: Chrysomelidae), Callipogon luctuosum (Coleoptera: Cerambycidae), Oncideres dejeani (Coleoptera: Cerambycidae), Desmiphora cucullata (Coleoptera: Cerambycidae), Cydianerus bohemani (Coleoptera: Curculionidae), Bomchis sp. (Lepidoptera: Chrysaugidae), Rolepa unimoda (Lepidoptera: Lymantriidae), Lonomia obliqua (Lepidoptera: Hemileucidae), Planacoccus citri (Hemiptera: Pseudococcidae), Ceroplastes grandis (Hemiptera: Coccidae), Aethalion reticulatum (Hemiptera: Aetalionidae), Trioza tabebuia (Hemiptera: Triozidae), Aphis spp. (Hemiptera: Aphididae)



DOENÇAS


DECLÍNIO DO IPÊ ROSA

Inicia-se com tumores ou galhas aéreas e superbrotamento, que reduzem o valor desta planta ornamental. Ramos terminais coletados de plantas com esta anomalia apresentam bactérias intracelulares em seu interior, do gênero Bartonella. São bactérias gram-negativas, pleomórficas, dotadas de motilidade própria, formando colônias de crescimento extremamente lento em meios de cultura especiais. Cortes anatômicos de ramos doentes apresentam células com conteúdo amorfo ou filamentoso e muitas células com bactérias, nos tecidos da periderme subepidérmica e na faixa cambial. Nos tubos crivados, elementos de vaso e nos parênquimas, tanto do floema, como do xilema, algumas células apresentam conteúdo amorfo e filamentoso e bactérias. Podem ser observadas tiloses nos elementos de vaso.


 OUTRAS DOENÇAS RELACIONADAS COM Tababeuia spp.: 

As doenças encontradas em ipês, nome genérico para as árvores pertencentes aos gêneros Tabebuia, Tecoma e Zeyheria, podem ser classificadas como importantes à medida que preocupam pelos danos e perdas verificadas, pois os ipês são encontrados em ruas, parques e jardins.


SEMENTES

Alguns estudos relacionados com patologia de sementes de ipês revelam uma grande quantidade de fungos associados às sementes. Vários gêneros de fungos patogênicos foram detectados, como por exemplo: Fusarium, Colletotrichum, Phoma, Phomopsis, Cladosporium, Alternaria. Estes fungos podem reduzir a germinação das mudas e/ou afetar o desenvolvimento das plântulas, bem como causar sintomas na parte aérea de mudas. O ataque inicia-se nas vagens, continuando o processo durante a maturação, a queda e nas sementes sobre o solo. (AUER, 2001)


TOMBAMENTO DE MUDAS

O tombamento de mudas conhecido também como “damping off” é um problema comum em viveiros, ocorrendo na fase de pré ou pós-emergência das plântulas. Os principais fungos associados pertencem aos gêneros Botrytis, Rhizoctonia, Fusarium, Pythium e Phytophthora, entre outros.


PODRIDÃO BASAL DE MUDAS

A doença foi observada em Minas Gerais, em mudas de ipê amarelo (T. serratifolia). O agente causal é Sclerotium rolfsii (fase assexual) ou Pellicularia rolfsii (fase sexual), constatado em diferentes tipos de plantas, principalmente nas famílias Leguminosae e Compositae.


NEMATÓIDES EM MUDAS

Registro existente da ocorrência de galhas causadas por Meloidogyne em mudas de ipês, nos Estados do Paraná e São Paulo. Foram constatadas as espécies M. arenaria em ipê roxo (T. impetiginosa) e M. javanica em ipê amarelo (T. serratifolia). Os principais sintomas são a ocorrência de galhas no sistema radicular e enfezamento da planta. Não existem informações sobre o efeito dos nematóides em plantas adultas.


MANCHA DE CORYNESPORA

Doença caracterizada por manchas foliares escuras, irregularmente arredondadas, com 1 a 15 mm de diâmetro, podendo coalescer, formando grandes lesões. Apresentam um ponto central branco, brilhante, sem formação de halos concêntricos. Ataques severos podem causar desfolha. O fungo ataca espécies de ipê amarelo, branco e rosa, sendo o ipê branco o mais suscetível. O agente causal é o fungo Corynespora cassiicola.


MANCHA DE ASTEROMIDIUM OU MANCHA ESCURA

Doença em folhas de ipê-amarelo (T. serratifolia) e em mudas de ipê-ovo-demacuco (Tabebuia sp.), registrada nos estados do Pará, São Paulo, Minas Gerais e Espirito Santo. O patógeno é Asteromidium tabebuiae, o qual forma frutificações nas manchas, principalmente na superfície superior dos folíolos. Sob condição de alta umidade surgem massas de esporos creme-alaranjadas sobre as frutificações


CROSTA-MARROM

A crosta-marrom é comum no estado de São Paulo e em Minas Gerais sobre T. serratifolia. O agente causal é o fungo Apiosphaeria guaranitica. A doença é caracterizada por crostas estromáticas irregulares e rugosas de aspecto ceroso, em ambas as faces das folhas, sendo mais freqüente na face superior. A coloração da crosta é inicialmente amarela, tornado-se marrom, passando ao negro, na fase de senescência da folha. Ocorre queda prematura da folhagem, impedindo a floração normal da planta.


MANCHA BORRÃO

Registrada em Minas Gerais, está doença é freqüente em ipê-amarelo (T. serratifolia), mas geralmente com baixa incidência em mudas passadas e em árvores. O fungo Phaeoramularia tabebuiae tem sido considerado como o suposto patógeno dessa doença, pela constante associação com essas manchas foliares. Pode ser confundido com Cercospora spp., porém diferencia-se por apresentar conídios produzidos em cadeias simples ou ramificadas, com vários tamanhos e número de septos. Os sintomas são manchas irregulares, circulares e em número variável por limbo maduro ou velho. O sintoma marcante manifesta-se na superfície superior do limbo, pouco observadas na face inferior. As manchas têm porções internas com tonalidade branca, parecendo ser salpicadas por algum tipo de sujeira, resultando desse sintoma o nome da doença. As manchas são contornadas por um halo periférico marrom-escuro. Não existem medidas de controle recomendadas.


MANCHA DE SEPTORIA

Doença em folhas maduras de árvores de ipê-amarelo, em Minas Gerais. O fungo Septoria sp. tem sido considerado como o provável patógeno, por causa da associação constante dos seus picnídios nas superfícies adaxiais das manchas. Os sintomas se parecem com a mancha borrão, porém a tonalidade da porção central da mancha de Septoria é branca e muito mais limpa. Em algumas manchas velhas podem ser notados poucos e minúsculos salpiques escuros, que são os picnídios emergentes de Septoria sp. As manchas iniciam-se como pontuações ou pequenas áreas marrom-arroxeadas. Manchas desenvolvidas apresentam-se contornadas por forte e característico halo periférico marrom-arroxeado. Não existem medidas de controle recomendadas.


OÍDIO

Caracterizada por um crescimento branco bem visível, em manchas esparsas nas folhas. Em condições de temperatura amena e alta umidade, as folhas podem ficar totalmente cobertas. Com o desenvolvimento, essas manchas escurecem, tornando-se pardas. O oídio pode ser causado por diferentes espécies de fungos, pertencentes aos gêneros Oidium e Ovulariopsis (fase assexual) e Uncinula e Phyllactinia (fase sexual). Como controle, recomenda-se pulverizações com fungicidas, com produtos alternativos (bicarbonato de sódio) e até agentes de controle biológico (Bacillus).


FERRUGEM

A ferrugem ocorre em mudas e árvores de ipês, em viveiros, ruas, avenidas e parques. O patógeno em Tecoma stans é o fungo Prospodium appendiculatum e no caso de Tabebuia serratifolia é Prospodium bicolor.


FUMAGINA

Duas fumaginas foram relatadas em ipê, em Minas Gerais. As doenças aparentemente não causam problemas, a não ser o aspecto enegrecido que deixam sobre a planta. Talvez, por este motivo, não hajam recomendações de controle.


MANCHA-DE-ALGA

Este problema foi detectado na copa de T. serratifolia, sob ambiente úmido e sombreado. Os sintomas são verificados na parte superior do limbo foliar, na forma de manchas feltrosas, variando de 1 a 15 mm de diâmetro. As manchas apresentam-se de coloração rósea a rósea-creme, decorrente das estruturas vegetativas e reprodutivas da alga Cephaleuros sp. Aparentemente, a colonização das folhas pela alga não causa prejuízos à planta, uma vez que as mesmas encontram-se velhas e senescentes. Não existe necessidade de controle, embora seja mencionado que fungicidas poderiam controlar o problema. 



Revisão e editoração: Bióloga Leila Araújo Borges  Proença 



 
Referências bibliográfica

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