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terça-feira

Doenças quarentenárias para o Brasil

Por José Otavio Menten, Diretor Financeiro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia e Professor Associado da ESALQ/USP; e Ticyana Banzato, engenheira agrônoma e doutoranda na Esalq.


Muitas espécies vegetais cultivadas no Brasil, atualmente, foram trazidas de outras regiões do mundo, como Ásia, África e países vizinhos na América do Sul. Nativas do Brasil, temos como exemplo a mandioca, amendoim, seringueira e o guaraná. Os países originários de uma espécie de planta são chamados centros de origem e de diversificação das espécies. 
Os fitopatógenos não estão distribuídos homogeneamente em todo mundo; uma vez que, para ocorrer a doença, é necessário que três fatores se estabeleçam: hospedeiro suscetível, ambiente favorável e a presença do agente causal. Por isso, patógenos que são frequentes nos centros de origem das espécies não necessariamente estão presentes nas áreas onde foram introduzidas posteriormente. 
Um exemplo de estabelecimento de doenças exóticas no país, por exemplo, é na cultura da soja. De 1961 para os dias atuais, surgiram doenças como o cancro da haste em 1989, o nematoide do cisto em 1992 e a emblemática ferrugem asiática da soja em 2001, que, desde então, já causou prejuízo estimado em mais de US$ 100 bilhões, envolvendo aumento na aplicação de fungicidas e redução da produtividade. 
Outros exemplos de doenças que causaram grande impacto após seu estabelecimento no Brasil: requeima da batata e tomate (1898), mosaico da cana-de-açúcar (1920), carvão da cana (1946), ferrugem do café (1970), ferrugem americana da soja (1979), ferrugem marrom da cana-de-açúcar (1986), vassoura-de-bruxa do cacau (1989) e ferrugem alaranjada da cana (2009). O caso mais recente de introdução de uma nova praga de grande importância econômica foi em 2013, com a entrada de um inseto da espécie Helicoverpa armigera
Estima-se que 65% dos patógenos introduzidos no Brasil foram devidos a atividades humanas, em especial trânsito de vegetais; outra parte devido ao transporte pelo vento, máquinas, animais. Calcula-se que entre 1890 e 2014 tenham sido introduzidas no Brasil mais de duas mil novas pragas agrícolas em diversas culturas, envolvendo não apenas patógenos vegetais, mas também insetos, ácaros e plantas daninhas. Destas, pelo menos 40 causaram grandes transtornos à nossa economia. Hoje, o Brasil possui 15,5 mil km de fronteira possível de entrada de novos patógenos, além de portos e aeroporto. Em média, são 850 vias de ingresso que têm de ser fiscalizadas. 
Se há tanto perigo das plantas transportarem patógenos exóticos, por que isto ainda é feito? A resposta é simples: além da diversificação das espécies cultivadas, busca-se ampliar a base genética visando o melhoramento para atender o mercado. Mas, há formas corretas para realizar a introdução de uma nova espécie vegetal no país, livre de pragas exóticas, perigosas para nossa agricultura. 
Baseado no princípio geral de controle de doenças Exclusão, quando é impedida a entrada de patógenos novos, é realizada inspeção e fiscalização, apoiadas em legislações específicas, e ainda contamos com dez estações quarentenárias no país, que dispõem de infraestrutura, equipamento e corpo técnico qualificado para detectar, identificar e erradicar patógenos quarentenários em materiais vegetais que ingressariam no território nacional. 
A quarentena previne a introdução e disseminação de novos patógenos, que são regulamentados por apresentarem importância econômica. Podem ser denominados patógenos quarentenários ausentes (A1) ou quarentenários presentes (A2) que são aqueles que estão restritos a algumas regiões do país e sob controle oficial. Para isso, é realizada a Análise de Risco de Pragas (ARP), que compara a lista de patógenos relatados em todo o mundo com os relatados no Brasil. 
Aqueles que ainda não foram detectados no Brasil e que podem causar danos devem ser regulamentados. Assim, a organização nacional de defesa vegetal elabora uma lista de pragas quarentenárias ausentes e presentes que, no Brasil, registra 218 patógenos quarentenários ausentes e sete presentes. 
Sempre que uma nova praga quarentenária é considerada estabelecida no Brasil, há necessidade de autorização oficial para sua divulgação, já que este fato pode ocasionar restrições no comércio internacional, com sérios impactos econômicos e sociais. 
Entre os patógenos quarentenários que merecem atenção especial, pelo impacto que podem causar ao agro brasileiro, podem-se citar:African Cassava Mosaic Virus (mandioca), Moniliophthora roreri (cacau), Plum Pox virus (pêssego), Ditylenchus destructor (milho, batata),Macruropyxis fulva (cana), Maize Chlorotic Mottle Virus (cana), Pantoea stewartii (milho), Phytophthora boehmeriae (várias culturas),Puccinia graminis tritici raça Ug99 (trigo), Sugarcane Mosaic Virus (cana) e Xanthomonas oryzaepv. oryzae (arroz). 
A importância do conhecimento dos patógenos quarentenários ausentes é que podemos intensificar as ações de exclusão e nos preparar para eventual estabelecimento: melhoramento para resistência e desenvolvimento de defensivos para registro emergencial. 
Deve-se também dar atenção aos patógenos quarentenários presentes que exigem medidas que impeçam seu estabelecimento em locais livres dos mesmos: Guinardia citricarpa (citros), Mycosphaerella fijiensis (banana e helicônia), Candidatus Liberibacter spp. (citros,Fortunella spp.Poncirus spp. e murta), Xanthomonas citri subsp. Citri (citros, Fortunella spp., Poncirus spp.) e Xanthomonas campestres pv. vitícola (uva). 
As doenças quarentenárias devem ter mais destaque nos livros-texto usados no ensino da fitopatologia, valorizando mais os métodos legislativos (leis, decretos e instruções normativas), e nos manuais que tratam das principais doenças de cada cultura. 
Referente a educação sanitária vegetal, é fundamental que as pessoas tenham ciência que nunca devem trazer vegetais de suas viagens, pois estes podem transportar patógenos quarentenários.


Figura 1: (A) flores de pêssego mostrando sintomas típicos de infecção por Plum Pox virus. (B) Anéis e manchas cloróticos em folhas de pessegueiro. (C) anéis amarelos concêntricos em fruto de pêssego. (D) padrões anelares em frutos de damasco. Foto Sochor et al. (2012) - http://www.mdpi.com/1999-4915/4/11/2853/htm


Figura 2: lesões necróticas e esporulação de Moniliophthora roreri em frutos de cacau. Foto: Johnson et al. (2017) - https://www.ndrs.org.uk/article.php?id=036002#


Figura 3: Planta de mandioca apresentando sintomas mosaico causado por African Cassava Mosaic Virus – Foto: Eiselen Foundation Ulm – www.eiselen-stiftung.de/

Figura 4: Plantas de mandioca com sintomas de mosaico causado por African Cassava Mosaic Virus (A, C e D) planta saudável (B) – Foto: Alabi et al, 2011.


sexta-feira

Tripes em Terminalia catappa (Manaus-AM)

 Exemplar de sete-copas, amendoeira-da-praia (Terminalia catappa) próximo ao Teatro Amazonas.
 Danos causados na folha por tripes.
  Presença de tripes e danos causados na folha T. catappa.


Expedição fotográfica de insetos associados à arborização urbana em Palmas-TO

Estivemos em Palmas no Estado do Tocantins, participando do XVII Congresso Brasileiro de Arborização Urbana - CBAU 2013, entre 11 e 13 de novembro. Nesta oportunidade foram registrados alguns insetos associados às árvores urbanas na cidade. 
 Aphis sp. em Physocalymma scaberrimum (Cega-machado).
 Saúva-cabeça-de-vidro (Atta laevigata) em Eugenia jambolana (Jambolão)
 Cochonilhas n.i. em Cassia sp.
  Cochonilhas n.i. em Tamarindus indica (Tamarindo)
   Cochonilhas n.i. em Tectona grandis (Teca)
    Cochonilhas n.i. em Triplaris sp. (Pau-formiga)
 Costalimaita ferruginea (besouro-amarelo-do-eucalipto) em Eugenia jambolana (Jambolão)
 Cupins n.i. em Anacardium occidentale (Cajueiro) 
Cydianerus latruncularius em Tabebuia pentaphylla (Ipê-roxo)
Mosca-branca n.i. em Anacardium occidentale (Cajueiro)
 Mosca-branca-do-ficus (Singhiella simplex) em Ficus benjamina (figueira-benjamim)
  Mosca-branca-do-ficus (Singhiella simplex) em Ficus benjamina (figueira-benjamim)
Poekilloptera sp. em Parkia pendula (Fava-de-bolota)

terça-feira

Percevejo bronzeado do eucalipto

Espécie: Thaumastocoris peregrinus

Ordem Hemiptera: Thaumastocoridae
Origem: Austrália
Detecção: Detectado em maio de 2008




Inseto de corpo achatado e mede 3 mm de comprimento

Dados biológicos:
Ciclo de vida: aproximadamente 35 dias (ovo – adulto)
Potencial reprodutivo: 60 ovos/fêmea





DANOS
• Prateamento de folhas (semelhante a dano de tripes)
• Bronzeamento de folhas
• Secamento de folhas
• Desfolhamento
Aparentemente há preferência por folhas maduras.

domingo

Principais pragas na arborização urbana III – Insetos Broqueadores (brocas)

Francisco José Zorzenon, Ana Eugênia de Carvalho Campos, João Justi Junior, Marcos Roberto Potenza - Centro de P&D de Sanidade Vegetal

A arborização das cidades constitui-se em um elemento de vital importância para a melhoria da qualidade de vida da população, seja em grandes centros urbanos quanto em pequenas cidades. Com suas características, são capazes de controlar muitos efeitos adversos do ambiente urbano, contribuindo para uma significativa melhoria na qualidade de vida. No entanto, a arborização necessita, como qualquer outra atividade, de atenção e cuidados da população e de profissionais competentes e bem treinados para a sua realização.

São considerados insetos broqueadores ou simplesmente “brocas”, os insetos perfuradores e causadores de danos em árvores e palmeiras, vivas ou mortas, e em seus produtos (madeira, papel, etc.), etc. As brocas podem pertencer a várias Ordens e a várias famílias e subfamílias. Temos como exemplos práticos:

• Ordem Coleoptera (besouros): várias Famílias (Cerambycidae, Curculionidae
— inclusive as subfamílias Platypodinae, Scolytinae), Bostrichidae (incluindo a subfamília Lyctinae), Dryophthoridae (várias pragas em palmeiras: Rhynchophorus palmarum, Rhinostomus barbirostris, Metamasius spp.), etc.

• Ordem Lepidoptera (mariposas): Eupalamides daedalus (Castnidae), Timocratica spp. (Stenomidae)

• Ordem Hymenoptera (vespas): Sirex noctilio (Vespa-da-madeira) (Siricidae)

• Ordem Diptera (moscas): Panthophthalmus spp. (Panthophthalmidae)

Coleobrocas

São denominados coleobrocas, os insetos da Ordem Coleoptera (besouros) causadores de danos em árvores e palmeiras vivas, madeiras recém-abatidas, manufaturadas e secas, usando-as de uma maneira geral, como alimento ou substrato para o cultivo de fungos que servirão de material energético para o desenvolvimento de larvas e adultos. Em áreas urbanas, as coleobrocas são mais frequentemente encontradas infestando madeiramentos, bem como árvores e palmeiras residenciais e viárias, sejam em ruas, praças e jardins, causando danos diretos (consumo e destruição gradual do tecido vegetal) ou indiretos (veiculando fungos ou nematoides causadores de doenças às plantas vivas).

Ciclo Biológico

As brocas iniciam a infestação em determinadas plantas ou madeiras quando fêmeas adultas, após serem fertilizadas por machos, ovipositam em árvores ou madeira seca geralmente nua (sem acabamento). As larvas oriundas desses ovos alimentam-se da madeira até se transformarem em pupas e, posteriormente, em adultos. A fase larval é geralmente mais longa, sendo esta fase a principal causadora de danos em madeiras manufaturadas ou árvores e palmeiras vivas. Normalmente, madeiramentos atacados, onde as larvas ainda estão presentes e ativas no interior da madeira, apresentam orifícios obliterados pelas fezes (resíduos em forma de pó fino ou de granulometria variada). O pó acumulado indica os locais infestados. Orifícios abertos (limpos) indicam a emergência de adultos. Algumas famílias de coleobrocas dão preferência a madeiras recém-abatidas ou árvores e palmeiras vivas. Os adultos inoculam fungos que servirão de alimento às larvas, em complemento ao consumo do xilema (fonte energeticamente pobre), assim como auxiliam na degradação da própria madeira facilitando, assim, o consumo por larvas e adultos.

Em algumas árvores resinosas e palmeiras, a presença de exudatos (sangramento de seiva) é comum, sendo indicativo de infestação.

As coleobrocas possuem hábitos alimentares distintos, variando na região da planta atacada (casca, alburno ou xilema funcional, etc.), palmeiras e monocotiledôneas em geral (sendo o tecido condutor o metaxilema), sementes, teor de umidade (viva, recém-abatida ou seca), cultivadoras de fungos, podendo ser:

• Fleófagas (alimentam-se de tecidos do floema da casca)

• Xilófagas (alimentam-se do xilema, madeira)

• Metaxilófagas (alimentam-se do tecido condutor em palmeiras)

• Xilomicetófagas (alimentam-se de xilema e fungos inoculados)

• Espermófagas (alimentam-se de sementes)

As coleobrocas podem ser influenciadas por diversos fatores climáticos como temperatura e umidade, além da cor, textura, tamanho e forma, tipo de madeira ou planta, inclinação do hospedeiro (em árvores eretas, inclinadas, abatidas), velocidade do ar, presença de feromônios, etc. Desde a árvore viva até a madeira em uso, diferentes famílias de coleobrocas infestam a madeira, nas diferentes fases do seu beneficiamento. Apesar do grande número famílias, podemos classificá-las de maneira prática em quatro grandes grupos:

1. Coleobrocas de árvores e palmeiras vivas (umidade altíssima)
2. Coleobrocas de árvore recém-abatida (umidade alta)
3. Coleobrocas de madeira em processo de secagem (umidade intermediária)
4. Coleobrocas de madeira seca (umidade baixa)

Coleobrocas em árvores e palmeiras vivas:
Árvores e palmeiras vivas possuem altíssimo teor de umidade. As coleobrocas que atacam a madeira nessas condições são principalmente das famílias Cerambycidae, Curculionidae (inclusive subfamílias Scolytinae e Platypodinae), Dryophthoridae e Buprestidae.

Os besouros Cerambicídeos são facilmente reconhecidos por apresentarem corpo ligeiramente achatado dorsoventralmente e antenas geralmente muito longas. Possuem coloração variada, metálica, vistosa ou discreta. São conhecidos por serra-paus (quando cortam galhos de árvores para a postura) ou simplesmente por brocas (quando infestam troncos). Atacam árvores vivas ou madeiras em decomposição. Como exemplos temos: Oncideres spp. (serra-paus), Steirastoma spp. (broca de paineira, etc.) Dorcacerus barbatus, Retrochydes thoracicus, Trachyderes succinctus succinctus (brocas de jabuticabeira, pitangueira, de mirtáceas em geral, etc.), Malodon spinibarbis (broca de eucalipto), dentre muitas outras. Já os Buprestídeos são besouros de coloração vistosa, metálicas ou não, de forma ligeiramente elíptica e antenas mais curtas e serreadas. Infestam paineiras, munguba, etc., podendo levá-las à morte. Exemplo típico é representado pela espécie Euchroma gigantea, um besouro muito grande, metálico, importante praga de paineira.

Alguns curculionídeos infestam árvores e palmeira vivas, podendo causar a morte delas. As subfamílias Platypodinae e os Scolytinae da família Curculionidae depositam seus ovos nas árvores e palmeiras, podendo introduzir fungos que servirão de alimento complementar ou principal para suas larvas. Esses fungos inoculados pelos insetos podem ser fitopatogênicos (causadores de doenças em plantas), levando muitas vezes as plantas à morte. Essas pragas infestam a casca ou regiões do cerne das plantas. Mesmo quando o ataque não for muito profundo, a grande quantidade de orifícios e galerias e as manchas causadas pelos fungos causam grande diminuição do valor da madeira. Tanto os insetos quanto os fungos envolvidos necessitam de umidade elevada para seus desenvolvimentos, não sendo, portanto, encontrados em madeiras com baixos teores de umidade ou madeiras secas. A presença de pontuações, “charutos” de serragem e exudatos (sangramento, semelhante a uma “vela escorrida”) em árvores resinosas ou palmeiras, são indicativos de infestação. Os principais representantes destas subfamílias são Megaplatypus sp., Platypus sp., Xyleborus sp. Dendroctonus sp. e Hypocryphalus mangiferae.

Os representantes da família Dryophthoridae são importantes pragas em palmeiras ornamentais (palmeira real, palmeira imperial, areca, etc.) e industriais (coco, dendê, palmito, etc.), normalmente limitantes as culturas, levando-as a uma redução de vigor, depauperamento gerneralizado e morte. Como exemplos, temos a principal praga em palmeiras, conhecida por Broca-do-olho-das-palmeiras (Rhynchophorus palmarum), e os não menos importantes Falso-moleque-da-bananeira ou Bicudinho (Metamasius hemipterus e Metamasius ensirostris) e a Broca-do-estipe (Rhinostomus barbirostris).

Coleobrocas de árvores recém-abatidas:

Árvores recém-abatidas possuem alto teor de umidade. As coleobrocas pragas são principalmente das famílias: Cerambycidae e Curculionidae das Subfamílias Scolytinae e Platypodinae. Nestas situações, a inoculação de fungos e/ou perfurações elevadas proporcionam a depreciação da madeira, reduzindo seu valor, muitas vezes intervindo em suas propriedades mecânicas, além de interferir esteticamente em sua aparência.

Coleobrocas de madeira em processo de secagem (madeira verde) e de madeira seca:
Durante a secagem da madeira, esta apresenta teores médios de umidade. As famílias mais comuns nesta etapa são os Bostriquídeos, Curculionídeos (Scolytinae) e alguns Cerambicídeos. Alguns gêneros infestam árvores vivas, mas preferencialmente madeiras verdes.

Madeiras secas são as que possuem teores de umidade abaixo dos 30%. Anobiídeos e Bostriquídeos (Subfamília Lyctinae) atacam a madeira nessas condições. Não infestam árvores ou palmeiras vivas. As larvas fazem galerias e deixam resíduos na forma de pó muito fino e seco.

Referências
ARAÚJO, R.L. Uma broca das palmeiras. Biológico, São Paulo, v4, n.6, p.139-191. 1938.

Bondar, G. Insetos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Bahia: Tipografia Naval, 1940. 160p.

Ferreira, J.M.S.; Warwick, D.R.N.; Siqueira, L.A. Cultura do coqueiro no Brasil. Aracaju, SE : EMBRAPA - SPI, 1994. 309p.

Lepesme, P. Les insects des palmier. Paris. Paul Lechevalier, 1947. 899 p.

Moraes, G. J.; Berti Filho, E. Coleobrocas que ocorrem em essências florestais. IPEF n. 9, p. 27-42, 1974.

Zorzenon, F. J.; Bergmann, E. C. Ocorrência de Xyleborus ferrugineus (Fabricius, 1801) (Coleoptera : Scolytidae) em frutos e sementes de duas espécies do gênero Euterpe. Revista de Agricultura, v.70, n.1, p.17-20. 1995.

Zorzenon, F.J., Bergmann, E.C; Bicudo, J.E.A. Primeira ocorrência de Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1758) e Metamasius ensirostris (Germar, 1824) (Coleoptera, Curculionidae) em palmiteiros dos gêneros Euterpe e Bactris (Palmae) no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, v67, n.2, p.265-268, 2000.

Zorzenon, F.J. Principais pragas das palmeiras In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. Plantas ornamentais: doenças e pragas. Cap. 10 p.207-247, 2008.  

Fonte: Instituto Biológico

terça-feira

Rhynchophorus ferrugineus em palmeiras

Praga do escaravelho está a condenar à morte dezenas de árvores no Parque Natural.Ao chegar ao Parque Natural de Arrábida (PNA), pela estrada Sul, o cenário é desolador: dezenas de palmeiras estão mortas ou a morrer por causa da doença do escaravelho. Uma praga que, nos últimos anos, invadiu o país e que até agora as autoridades não conseguiram controlar.

Logo à saída de Setúbal, entre o mar e o Parque, vêem-se a primeiras árvores de folhas secas, a cortar o céu. Quase todas mortas. Uma ou outra parece resistir ao insecto que as come desde o interior, mantendo poucos ramos esverdeados. Mas a cor mais comum é o castanho.

«Grande parte destas árvores tem várias dezenas de anos. É uma pena desaparecerem», diz José Paulo Martins, que, como cresceu em Setúbal, lembra-se de ver estas palmeiras à beira da estrada desde pequeno. «Na Arrábida as palmeiras fazem parte da paisagem natural, são fundamentais», argumenta, lembrando que, se muitas destas árvores são já do século XVII ou XVIII, ali as palmeiras «terão sido plantadas na primeira metade do século XX».

Todas as que agora estão a morrer na Arrábida são, segundo José Paulo Martins, de uma espécie oriunda das ilhas Canárias: as phoenix canariensis. «São palmeiras maiores e mais frondosas [com ramos e galhos longos]», explica o especialista da Quercus que acompanhou o início desta epidemia no Algarve, em 2007 – ano em que o escaravelho entrou no país através do comércio de plantas.

Desde então, as autarquias têm tentado combater a praga com tratamentos biológicos e químicos, o que tem sido difícil. «E se nada for feito neste caso, há o grande perigo de a praga da Arrábida se estender ao resto do concelho», alerta o ambientalista, notando que «Setúbal é um dos locais com mais palmeiras, por causa do clima». As árvores predominam no jardim municipal, na Av. Luísa Todi e nas praias.

O ambientalista lembra ainda que o perigo de extinção pode ser grande, à semelhança do que aconteceu com as palmeiras anãs, naturais do país, e que desapareceram da Arrábida. «Seria triste. As pessoas estão muito habituadas há várias gerações a ver ali as palmeiras», refere. E acrescenta: «São árvores belas, de que as pessoas gostam».

Por isso, considera que as diferentes entidades, sejam governamentais, autárquicas ou privadas, «deveriam investir na sua defesa», mesmo se não são árvores originárias do país.

Ministério tem recebido queixas

Por temer a expansão da praga do escaravelho vermelho a todo o concelho, a presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, criou, numa iniciativa inédita em Portugal, o Plano Municipal de Controlo do Escaravelho.

Para este programa, lançado no ano passado, foram atribuídos 54 mil euros – que se somaram aos oito milhões já gastos em 2010. E levou a que se juntassem em Setúbal elementos de várias autarquias do país e especialistas portugueses, italianos e espanhóis, com experiência no controlo da praga, para um seminário internacional sobre o tema.

Ao mesmo tempo, os técnicos da câmara especializaram-se no escaravelho e meteram mãos à obra: além das podas sanitárias, que incluem «o corte ou limpeza das folhas secas», como explicou fonte oficial da autarquia ao SOL, foram feitos tratamentos biológicos e químicos. «Apostou-se em tratar palmeiras em sítios de grande impacto visual ou com elevado valor patrimonial», refere a mesma fonte. No conjunto, explica ainda, «a câmara tratou 789 palmeiras». Mas nem todas sobreviveram: 22 tiveram de ser abatidas. A autarquia congratula-se, no entanto, com «a enorme taxa de sucesso». «É de 97,21%», garante aquela fonte. De fora, ficaram 50 palmeiras mortas no concelho «devido ao facto de se localizarem em zonas de difícil acesso».

Quanto às palmeiras da Arrábida, o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade diz não dispor de dados sobre o seu estado sanitário. «Não detemos competências na conservação das espécies exóticas», justificou ao SOL fonte oficial daquele organismo, tutelada pelo Ministério do Ambiente. No entanto, admite que a situação já gerou várias reclamações: «Temos recebido no PNA algumas queixas que temos reencaminhado para o Município de Setúbal, dado tratar-se de situações em perímetro urbano».

O início da invasão do escaravelho

Originário da Ásia e da Oceania, o escaravelho da palmeira, cujo nome científico é Rhynchophorus ferrugineus, chegou a Portugal em 2007, através de viveiros contaminados para comércio de palmeiras. Com uma capacidade de contaminação rápida, em caso de ausência de tratamento, condena as árvores à morte, comendo-as a partir do interior e secando-as. Em Portugal, o escaravelho da palmeira chegou primeiro ao Algarve, concretamente a Albufeira, mas rapidamente se propagou pelo resto do país, sobretudo no Centro. Lisboa, Oeiras, Setúbal e Cascais são dos concelhos mais afectados pela praga.

O problema expandiu-se tão rapidamente em vários países europeus, como Espanha, Portugal e Itália, que a União Europeia tornou a luta contra esta praga obrigatória entre os seus Estados-membro com produtos homologados. O também conhecido como escaravelho vermelho ataca principalmente palmeiras das Canárias ou as espécies Phoenix. Quando se avista a copa de uma palmeira com os ramos secos, geralmente, segundo os especialistas, já há pouco a fazer.

Fonte: http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=40676

quinta-feira

Cochonilha-de-cera - Ceroplastes grandis

Lafoensia pacari St. Hil. (Lythraceae) - dedaleiro, dedaleira, dedaleira amarela, dedaleiro amarelo, falso dedaleiro, jacarandá capitão, louro, louro da serra, mangabeira brava, mirindiba, pacari, pacari verdadeiro, pacari do mato, pacuri, pau de bicho, pau de dedal, pequi amarelo.






Ordem: Hemiptera-Sternorrhyncha
Familia: Coccidae
Nome Científico: Ceroplastes grandis
Nomes comuns: Cochonilha-de-cera
Outras plantas hospedeiras: Aceroleira e Goiabeira
Características: É uma cochonilha hemisférica revestida de cera branca; sem o revestimento, tem coloração parda, mede de 3 a 4 mm de comprimento, de 2 a 2,5 mm de largura e 1,5 a 2 mm de altura.
Danos: Ninfas e adultos sugam grande quantidade de seiva, sendo os danos mais intensos nas plantas jovens. Provocam clorose e necrose nas folhas e atraso no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. Favorecem ao desenvolvimento de fumagina.
Manejo: Inspecionar as plantas regularmente. Destruir manualmente os insetos. Podar e queimar os ramos intensamente afetados.