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sexta-feira

Fiação tira beleza das cidades


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Na avenida Dedé Brasil, o poste recebeu dois reforços, após sofrer abalroamentos, mas continua inclinado.
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No bairro Nossa Senhora das Graças, cabos telefônicos passam dentro de um imóvel
FOTO: JOSÉ LEOMAR
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Conjunto Palmeiras: um varal foi improvisado para secar roupas no fio da empresa telefônica
FOTOS: THIAGO GASPAR
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Na Avenida Presidente Costa e Silva (Perimetral), um cabo cedeu, dificultando a passagem de pedestres
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Caixa instalada num poste atrapalha a passagem de pedestres na Avenida E, no Conjunto José Walter
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Exemplo de mau gosto: medidores são atrelados a dois postes, no Conjunto Residencial Marcos Freire
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Na Cidade 2000, medidores antigos, inclusive um aberto e com fios expostos, ao lado de dois novos
População se queixa do visual e do perigo ocasionado pela rede de fiação e pelos novos medidores de energia
A fiação que cobre toda a Capital, muitas vezes de forma desordenada, tornando-a feia e empobrecida do ponto de vista estético, ganhou um "reforço" adicional com a substituição dos antigos medidores de energia pelos atuais, que ficam fora dos imóveis e expostos a tudo e a todos. O resultado é uma paisagem macabra, que dói nos olhos dos fortalezenses e dos visitantes.

Em todos os bairros é possível se observar vários tipos de aberração, causada não só pela fiação da Companhia Energética do Ceará (Coelce), mas também pelos fios telefônicos e das TVs a cabo que fazem uso do mesmo posteamento.

Fio vira varal

Há exemplos que poderiam ser considerados hilariantes, se não beirassem o trágico. No Conjunto Palmeiras, num poste encravado na Rua Serra Azul, ao lado do imóvel de número 1000, pode ser encontrado uma vasta fiação. A fartura é tão grande que os moradores aproveitam a fiadura telefônica para estender suas roupas.

A dona-de-casa Odete Severino Alves diz que não vê problema no fato, "pois não se trata de fio de energia". No entanto, ela revela que, "por muito pouco, não ocorreu uma desgraça no local. Há dois meses, acordamos com um incêndio no poste. Foi um desespero muito grande. Como tinha muito fio descascado, ficamos com medo de sair pela porta e arrombamos a janela para descer", relata.

O caso de dona Odete Severino é idêntico a outros espalhados pela cidade. Contrariando as normas urbanísticas previstas em lei, seu imóvel foi construído sem obedecer o recuo para a rua. O resultado é a rede de fiação passando praticamente dentro da sua moradia.

Inconveniente

Caso semelhante pode ser visto no Bairro Nossa Senhora das Graças, na rua de mesmo nome (número 5290). Há dez anos, a família do comerciante José Martins Júnior convive pacificamente com a rede de telefonia dentro da sua varanda. Na parte inferior do imóvel, ele construiu um depósito de construção; em cima, sua moradia.

"É bem verdade que é um pouco inconveniente, mas até hoje nunca tive problema algum. Procurei a empresa de telefonia que me assegurou que não tem perigo", conta Júnior.

Ali bem próximo, no cabo da Oi, um par de sapato velho foi entrelaçado, numa cena insólita. O comerciante Raimundo Lobo de Araújo, que reside nas imediações, explica que o fato ocorreu há cerca de dois meses.

Já na Avenida Dedé Brasil, na Serrinha, se percebe facilmente a grande quantidade de postes inclinados por causa da batida de carros aliada a exagerada quantidade de fios pendurados.

Rede subterrânea

Para o professor das disciplinas Medidas Elétricas e Eletrotécnica Predial da Universidade de Fortaleza (Unifor), Marcus Peixoto, esses exemplos e suas consequências poderiam ser evitados se fosse adotada a rede subterrânea. "Seria o ideal. Já vem sendo utilizada em vários países. No entanto, o custo é muito maior do que o da rede aérea, existente no Estado e por isso não há muito interesse em se fazer a troca".

Desde que a Coelce resolveu trocar os medidores antigos, que ficavam dentro das residências - pelo menos a chave para ligar/desligar - as reclamações começaram. Considerados mais frágeis, os aparelhos poluem visualmente a frente das residências. Na Cidade 2000, um fileira de 12 deles torna a entrada da Alameda das Angélicas. A dona-de-casa Francisca Pereira Sampaio, que reside na vizinhança (Alameda das Açucenas, 221) prega aviso. "Não permitirei que façam a troca na minha casa, a não ser que seja realmente obrigada a tal. Porém, se isso acontecer, vou exigir que todos os canos e fios sejam embutidos", avisa.

Coelce garante
Novos medidores são mais resistentes

Em relação aos medidores, o gerente da área de medição da Coelce, Oswaldo Jucá, explica que os antigos (de ferro) ainda são utilizados e que os atuais, feitos de policarbonato, são bem mais resistentes e adotados por várias distribuidoras de energia no País e na América do Sul. "Esse novo equipamento é mais resistente a problemas de vandalismo, mais em conta do ponto de vista financeiro e facilita a leitura por parte da Coelce", assegura Jucá.

Sobre a existência das caixas de ferro desativadas ao lado das novas, Oswaldo Jucá destaca que cabe ao consumidor retirá-las ou não. Ele enfatiza que, somente em casos excepcionais, alguns medidores são instalados nos postes da Companhia, mas que, de uma forma geral, é uma prática que é evitada.

No tocante à tendência de instalação da rede subterrânea, o gerente de medição reconhece que, "do ponto de vista estético, é muito interessante. Todavia, podemos ter alguns problemas. No caso de enchentes, por exemplo, seria muito complicado fazer os reparos devidos".

Sem perigo

Jucá garante que não há perigo de um poste que se encontra inclinado desabar. "Quando um poste é enterrado, há a observância de certas normas. Além disso, a fiação serve também como amarração. Como fazemos vistorias, qualquer problema é corrigido". O gerente frisa, ainda, que os anéis de cimento colocados ao redor dos postes são uma defensa para evitar maiores danos à população em caso de abalroamentos".

A opinião do especialista

Planejamento

* Fernanda Rocha

A cidade é uma complexa construção cultural com características e necessidades variáveis em função de contextos climáticos, econômicos, sociais, entre outros. Atualmente parâmetros ambientais orientam, ou ao menos deveriam pautar as decisões nas mais diferentes escalas de intervenção urbana. Esta postura requer uma compreensão da inter-relação e desdobramentos implicados em qualquer situação cujo objetivo seja a melhoria da qualidade de vida de sua população, sob a ótica quantitativa e qualitativa. Sendo, portanto esta a abordagem que deve pautar a implementação da infraestrutura necessária ao seu bom funcionamento, como é o caso do fornecimento de energia elétrica e iluminação pública e a arborização e a limpeza visual de nossa cidade.

Temos constantemente assistido ao enfrentamento entre estes aspectos, sendo que majoritariamente o pragmatismo e imediatismo têm sido a única prerrogativa considerada. Quando assumiremos que os custos envolvidos no planejamento de ações integradas podem dispensar cortes indevidos de árvores ou podas nefastas à sua sobrevivência, se estas forem escolhidas e plantadas em locais adequados, com o porte compatível com a infraestrutura existente? Ou, se necessitamos substituir a tecnologia dos medidores de energia elétrica, podemos preferencialmente pensar em utilizar os suportes já existentes, uma vez que nossas calçadas já tão saturadas de todo tipo de parafernália, não comportam a função para qual foram minimamente pensadas que é o deslocamento das pessoas?

Será que somos destituídos da capacidade de um pensamento mais abrangente e da possibilidade de diálogo entre diferentes setores e instituições? Até quando?!

Arquiteta, urbanista e professora da Unifor

Enquete
Mau gosto

José Gregório Brito
49 anos
Borracheiro

"É um visual de arrepiar, com postes tortos, fios pendurados por todos os lados e esses medidores feiosos"

Raimundo Lobo de Araújo
59 anos
Comerciante

Por mais que a gente esteja acostumado com essa paisagem, ela ainda causa um desconforto visual

Fernando Maia  - Fonte Diário do Nordeste Link da matéria
Repórter

Fios aéreos prejudicam arquitetura e paisagem

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As árvores precisam ser periodicamente podadas devido ao contato com a fiação. A poda é executada pela Coelce ou pela Emlurb. Em muitos locais, as plantas estão grandes, chegando a ultrapassar os fios
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Na Rua Santa Filomena, dois postes com um grande número de fios foram colocados em uma única esquina
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Na Rua Floriano Peixoto, próxima à Praça do Ferreira, o espaço aéreo é totalmente comprometido pela excessiva presença dos fios, deixando o local poluído e com uma péssima estética
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É impressionante olhar para o céu e ver a quantidade de fios saindo de um mesmo poste na Rua João Brígido
WALESKA SANTIAGO

O Ceará, segundo a Coelce, contém 120 mil quilômetros de fiação exposta e apenas dez quilômetros subterrânea
É difícil encontrar uma área de Fortaleza que não seja cortada por um amontoado de fios desordenados. Árvores impedidas de crescer e pessoas com dificuldades de enxergar a cidade como tal. A fiação que surge de inúmeros postes colocados nas calçadas deixa ruas e avenidas com uma paisagem poluída, confusa e feia.

À medida que Fortaleza cresce, a quantidade de fios também aumenta. Segundo a Companhia Energética do Ceará (Coelce), o Estado apresenta 120 mil Km de fios elétricos aéreos e apenas dez Km de fiação subterrânea. Em Fortaleza, apenas três Km de fiação são internos. A Praça do Ferreira e a Avenida Monsenhor Tabosa são os únicos espaços sem fios expostos.

Seja no Centro da Cidade, na Aldeota ou no Henrique Jorge, a fiação ocupa o seu espaço de uma maneira que os fortalezenses não entendem. A situação vai se tornando mais caótica com a chegada de novas empresas de telefonias e de TV a cabo.

A cena mais comum em muitas vias da cidade é de um volume enorme de fios com saída de um único poste que passam de um lado ao outro da rua. A vendedora Flaviana Gomes de Lima, 20 anos, trabalha diariamente no Centro, mas nunca tinha percebido o grande número de fios que estava ao seu redor e o prejuízo que eles trazem à beleza da cidade. "É horrível. Eles saem sem nenhuma organização. Parece que brigam por espaço. Os responsáveis poderiam dar um jeito nisso".

Solução humanizada
Essa solução desejada por Flaviana e tantos outros poderia ser voltada para a colocação subterrânea dos fios. Para Odilo Almeida, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB-CE), esta seria a medida mais adequada a ser realizada. Segundo ele, a fiação aérea traz dois graves prejuízos tanto à arquitetura de Fortaleza quanto à qualidade de vida das pessoas que nela habitam.

O primeiro, conforme explica, diz respeito à poluição visual causada pela exposição dos fios, atrapalhando a visibilidade dos monumentos arquitetônicos. O segundo prejuízo está ligado à arborização urbana, já que as árvores precisam ser permanentemente podadas por conta da fiação. "Tendo em vista que os fios e os postes são trocados periodicamente, defendemos que nesta mudança a fiação seja embutida, sendo seguida pela padronização das calçadas".

Odilo Almeida enfatiza que além desses dois pontos que diretamente contribuem para deixar Fortaleza com aspecto feio e poluído, a colocação de postes para receber os fios reduz a acessibilidade, visto que os mesmos são colocados nas calçadas. "Várias cidades, como Belo Horizonte, utilizam fios subterrâneos por ser uma solução mais humanizada, que garante uma vida mais agradável. Essa seria uma gentileza urbana. A solução é óbvia e a mensagem é simples".

Diversos pontos de fiação em diferentes bairros de Fortaleza chamam atenção. Na Rua João Brígido, no bairro Dionísio Torres, o amontoado de fios impede que as árvores cresçam e deixa a rua com uma paisagem nada bonita de se ver.

Sobre a podação das árvores, Roberto Rodrigues, presidente da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), explica que essa atividade é executada em parceria com a Coelce. "Os nossos técnicos não possuem uma formação adequada para lidar com fios de alta tensão, por isso sempre entramos em contato com a Coelce".

Em outro local, na Praça do Ferreira, considerada o ponto central da cidade, Renato Grande Lima, 37 anos, se diz surpreso com a quantidade de fios que cortam as ruas próximas. "Além de deixar o local feio, ainda ficamos com medo de que aconteça alguma coisa, como um desses fios se soltar ou um curto-circuito, já que é uma confusão".

Na Rua Santa Filomena, no Henrique Jorge, o cenário também pode ser considerado crítico. Em apenas dois pequenos quarteirões pode ser contabilizado 12 postes, em uma única esquina foram colocados dois equipamentos, um do lado do outro. Contudo, o número de postes pode ser explicado pela quantidade surpreendente de fios. Saber a origem de cada um deles é uma tarefa quase impossível de ser cumprida por um cidadão comum.

De acordo com José Távora Batista, diretor técnico da Coelce, o número de fios e postes é justificado pelo crescimento da demanda. "Sabemos que os fios não são esteticamente agradáveis, mas precisamos colocá-los saindo de um único poste por conta da quantidade de casas. Não é possível colocar um poste para cada residência, pois o número de postes seria enorme".

Inviabilidade
José Távora explica que implantar fiação subterrânea em Fortaleza "é inviável, já que precisaria de um planejamento urbano antecipado, pois envolve as redes de telefonia e de esgoto". José Távora ressalta que a implantação da "fiação subterrânea representa um custo oito vezes maior que os fios aéreos".

Sobre a questão dos dois postes em uma única esquina da Rua Santa Filomena, a Coelce informa que enviará uma equipe ao local. A Companhia destaca que para a podação das árvores, as pessoas devem entrar em contato apenas quando as folhas estiverem encostando nos fios elétricos.

PROTAGONISTA
Rua cortada por fios
O comerciante Edvaldo Lima, 56 anos, relembra como era a Rua Santa Filomena, no Henrique Jorge, há cerca de 18 anos, época em que se estabeleceu no local. "O número de casas era baixo, assim como o de postes e de fios, que hoje chamam atenção de quem chega aqui". Na esquina onde fica a casa de Edvaldo, foram colocados dois postes que reúnem uma quantidade enorme de fiação que é distribuída para várias residências. "Acho que eles colocaram os postes para me proteger de um carro desgovernado", brinca. O grande número de fios que cortam a rua de um lado ao outro parece um rolo de lã desenrolado.

EDVALDO LIMA, 56 anos, comerciante
EM SOBRAL
Fiação subterrânea permite visão plena de prédios históricos
Contemplar a beleza de um prédio histórico ou tirar uma foto sem ter que se preocupar com os fios que passam na frente deles parece estar se tornando realidade. Prezar pela boa aparência, nitidez e por um ambiente menos poluído é fundamental, principalmente quando se trata de monumentos construídos anos atrás e que precisam de um olhar mais especial.

No Sítio Histórico de Sobral, os visitantes não encontrarão mais a fiação aérea que cruzava o espaço. Todos os inúmeros fios das redes elétricas, telefônicas e dados-lógica (Internet) do local serão subterrâneos.

A intervenção faz parte do Projeto Novos Ares executado por meio de parceria entre o Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Governo do Ceará e a Prefeitura de Sobral. A obra conta com um orçamento de cerca de R$ 12,5 milhões e deve ser concluída em 18 meses.

Conforme Juçara Peixoto da Silva, superintendente do Iphan no Ceará, por abranger uma área extensa, esta é considerada uma experiência nova e que envolve um processo de conscientização coletiva e de despoluição visual.

Benefícios
"Esses prédios poderão ser vistos em sua plenitude. Em uma fotografia, não será mais preciso usar no computador programas de retoques para apagar os fios. Estaremos garantindo uma visualização limpa do patrimônio histórico e também uma maior visibilidade".

A superintendente do Iphan/CE destaca que essas ações são fundamentais para que a população tenha uma vida melhor. "Os fios vão se agregando às nossas vidas como se fosse algo natural. Ainda espero viver em um mundo sem fios expostos", relata Juçara.

Apesar de Sobral ter sido a primeira cidade interiorana do Brasil a ganhar o projeto Novos Ares, outros locais, que possuem Sítio Histórico, também contam com fiação subterrânea, como Ouro Preto, Recife antigo e áreas do Centro do Rio de Janeiro.

No Ceará, segundo Juçara Peixoto, dentre os quatro municípios que possuem Sítio Histórico, além de Sobral, apenas Icó já apresentou proposta para receber o projeto. Aracati apenas demonstrou uma intenção devido ao incentivo ao turismo. Já em Viçosa, nada foi pleiteado.

Com relação a Fortaleza, que não conta com Sítio Histórico, a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Ceará esclarece que há a possibilidade de auxílio técnico e de acompanhamento do órgão caso a Prefeitura se pronuncie sobre a causa, não sendo possível, no entanto, a garantia de recursos.

A opinião do especialista
É preciso educação
Considerando-se o meio ambiente a partir de seus elementos e correlações, devemos lembrar da poluição visual ocasionada pela fiação aérea. É só passar por alguns espaços de Fortaleza onde a fiação está embutida e sentir a diferença. Além das implicações na manutenção de árvores, principalmente as de grande porte plantadas em calçadas estreitas, que são equivocadamente desconsideradas como elementos prioritários em nossa cidade e acabam sendo podadas indiscriminadamente e tendo seu ciclo de vida encurtado.

A fiação subterrânea é uma alternativa possível, embora conte com uma falsa argumentação de um maior custo de implantação, sempre por uma visão estreita e imediatista. E quanto ao custo de manutenção com podas, limpeza e substituição de fios? E os custos não computados da desvalorização da paisagem? Outra alternativa é a compatibilização das árvores com as alturas de fiação e larguras de calçadas.

Para alterar este quadro de indigência no qual se encontram nossas árvores, principalmente as da arborização viária se faz necessário, além de ações do poder público e de instituições responsáveis, uma forte ação educativa nas mais diferentes escalas de abrangência para sensibilização quanto à importância das árvores e suas relações com os demais elementos urbanos.

Fernanda Rocha
Arquiteta e urbanista
fernandarocha@unifor.br
Fonte Diário do Nordeste: Link matéria