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A árvore e o espaço urbano

Por Ana Cristina Costa

A expansão das cidades levou ao longo dos tempos à alteração da paisagem e onde outrora se encontravam espaços abertos, permeáveis, assiste-se hoje a uma densa malha urbana com diversas infra-estruturas que constituem uma barreira aos fluxos naturais, originando o fenomeno da ‘ilha de calor’. 
As condições das áreas urbanas são agora bem distintas: as ruas asfaltadas, os passeios impermeáveis e a atmosfera poluída. O desenvolvimento dos aglomerados urbanos exige por isso a constituição de estruturas verdes adequadas, que possibilitem a satisfação das necessidades das populações quanto a recreio, lazer, contato com a natureza e simultaneamente conseguir amenizar alguns problemas existentes. 
Nesse sentido os espaços verdes desempenham importantes funções de termoregularização, controle da humidade e das radiações solares, purificação do ar e fixação de poeiras, absorção de CO2, aumento do teor de O2 e protecção contra ventos. E as árvores em particular desempenham ainda outras funções, de protecção contra a erosão, pela estabilização do solo, limitação das escorrências superficiais, diminuição do risco de cheias e também contra o ruído, criando ‘cortinas’ de proteção em relação à rede viária e enquadramento estético. 
As árvores permitem ainda pelo ensombramento ou permeabilidade aos raios solares, atenuar as variações de temperatura fazendo com que no Inverno os edifícios circundantes não percam tanto calor e no Verão não ganhem tanto, permitindo a diminuição dos consumos de energia. 
No entanto, com a falta de planeamento das cidades, nem sempre o espaço reservado às árvores é o mais adequado, ficando habitualmente estas com as áreas sobrantes, com espaço aéreo e subterrâneo de dimensões reduzidas e fortemente disputado pelas infra-estruturas. Ora, com o limitado volume de terra disponível para as raízes, o crescimento é afetado e a árvore torna-se mais sensível a pragas e doenças. 
Acontece frequentemente que a árvore está mal adaptada ao meio: o seu porte inadequado, a sua implantação mal executada… 
Estes constrangimentos obrigam a recorrer a podas e por vezes ao abate, reduzindo a qualidade de vida nas cidades e agravando os custos dos serviços de manutenção. Assim, de forma a evitar esta situação e a permitir o desenvolvimento da árvore, torna-se essencial proceder a uma adequada seleção das espécies, tendo em conta as condições do local. Também a plantação de árvores de qualidade, permitirá evitar problemas futuros e o respeito pelas condições de implantação, nomeadamente dimensões das caldeiras (tendo em conta o desenvolvimento do sistema radicular e tronco da espécie selecionada), permitem uma clara melhoria das condições de permeabilidade dos solos, fundamentais a um bom desenvolvimento. 
As árvores têm muito mais do que uma simples função estética, elas constituem uma infra-estrutura funcional que contribui de um modo significativo para a qualidade da vida na urbe, tanto a nível ambiental, social e econômico. Infelizmente, continuamos a assistir a um desrespeito pela sua integridade e a uma gestão que denuncia falta de conhecimentos sobre a sua fisionomia e funcionamento, que pode levar a problemas ao nível da segurança (por queda de ramos e até das árvores) e gastos de manutenção elevados, nomeadamente com podas desnecessárias e desadequadas às necessidades das árvores urbanas.

Fonte: Correio do Minho

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