terça-feira

Doenças quarentenárias para o Brasil

Por José Otavio Menten, Diretor Financeiro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia e Professor Associado da ESALQ/USP; e Ticyana Banzato, engenheira agrônoma e doutoranda na Esalq.


Muitas espécies vegetais cultivadas no Brasil, atualmente, foram trazidas de outras regiões do mundo, como Ásia, África e países vizinhos na América do Sul. Nativas do Brasil, temos como exemplo a mandioca, amendoim, seringueira e o guaraná. Os países originários de uma espécie de planta são chamados centros de origem e de diversificação das espécies. 
Os fitopatógenos não estão distribuídos homogeneamente em todo mundo; uma vez que, para ocorrer a doença, é necessário que três fatores se estabeleçam: hospedeiro suscetível, ambiente favorável e a presença do agente causal. Por isso, patógenos que são frequentes nos centros de origem das espécies não necessariamente estão presentes nas áreas onde foram introduzidas posteriormente. 
Um exemplo de estabelecimento de doenças exóticas no país, por exemplo, é na cultura da soja. De 1961 para os dias atuais, surgiram doenças como o cancro da haste em 1989, o nematoide do cisto em 1992 e a emblemática ferrugem asiática da soja em 2001, que, desde então, já causou prejuízo estimado em mais de US$ 100 bilhões, envolvendo aumento na aplicação de fungicidas e redução da produtividade. 
Outros exemplos de doenças que causaram grande impacto após seu estabelecimento no Brasil: requeima da batata e tomate (1898), mosaico da cana-de-açúcar (1920), carvão da cana (1946), ferrugem do café (1970), ferrugem americana da soja (1979), ferrugem marrom da cana-de-açúcar (1986), vassoura-de-bruxa do cacau (1989) e ferrugem alaranjada da cana (2009). O caso mais recente de introdução de uma nova praga de grande importância econômica foi em 2013, com a entrada de um inseto da espécie Helicoverpa armigera
Estima-se que 65% dos patógenos introduzidos no Brasil foram devidos a atividades humanas, em especial trânsito de vegetais; outra parte devido ao transporte pelo vento, máquinas, animais. Calcula-se que entre 1890 e 2014 tenham sido introduzidas no Brasil mais de duas mil novas pragas agrícolas em diversas culturas, envolvendo não apenas patógenos vegetais, mas também insetos, ácaros e plantas daninhas. Destas, pelo menos 40 causaram grandes transtornos à nossa economia. Hoje, o Brasil possui 15,5 mil km de fronteira possível de entrada de novos patógenos, além de portos e aeroporto. Em média, são 850 vias de ingresso que têm de ser fiscalizadas. 
Se há tanto perigo das plantas transportarem patógenos exóticos, por que isto ainda é feito? A resposta é simples: além da diversificação das espécies cultivadas, busca-se ampliar a base genética visando o melhoramento para atender o mercado. Mas, há formas corretas para realizar a introdução de uma nova espécie vegetal no país, livre de pragas exóticas, perigosas para nossa agricultura. 
Baseado no princípio geral de controle de doenças Exclusão, quando é impedida a entrada de patógenos novos, é realizada inspeção e fiscalização, apoiadas em legislações específicas, e ainda contamos com dez estações quarentenárias no país, que dispõem de infraestrutura, equipamento e corpo técnico qualificado para detectar, identificar e erradicar patógenos quarentenários em materiais vegetais que ingressariam no território nacional. 
A quarentena previne a introdução e disseminação de novos patógenos, que são regulamentados por apresentarem importância econômica. Podem ser denominados patógenos quarentenários ausentes (A1) ou quarentenários presentes (A2) que são aqueles que estão restritos a algumas regiões do país e sob controle oficial. Para isso, é realizada a Análise de Risco de Pragas (ARP), que compara a lista de patógenos relatados em todo o mundo com os relatados no Brasil. 
Aqueles que ainda não foram detectados no Brasil e que podem causar danos devem ser regulamentados. Assim, a organização nacional de defesa vegetal elabora uma lista de pragas quarentenárias ausentes e presentes que, no Brasil, registra 218 patógenos quarentenários ausentes e sete presentes. 
Sempre que uma nova praga quarentenária é considerada estabelecida no Brasil, há necessidade de autorização oficial para sua divulgação, já que este fato pode ocasionar restrições no comércio internacional, com sérios impactos econômicos e sociais. 
Entre os patógenos quarentenários que merecem atenção especial, pelo impacto que podem causar ao agro brasileiro, podem-se citar:African Cassava Mosaic Virus (mandioca), Moniliophthora roreri (cacau), Plum Pox virus (pêssego), Ditylenchus destructor (milho, batata),Macruropyxis fulva (cana), Maize Chlorotic Mottle Virus (cana), Pantoea stewartii (milho), Phytophthora boehmeriae (várias culturas),Puccinia graminis tritici raça Ug99 (trigo), Sugarcane Mosaic Virus (cana) e Xanthomonas oryzaepv. oryzae (arroz). 
A importância do conhecimento dos patógenos quarentenários ausentes é que podemos intensificar as ações de exclusão e nos preparar para eventual estabelecimento: melhoramento para resistência e desenvolvimento de defensivos para registro emergencial. 
Deve-se também dar atenção aos patógenos quarentenários presentes que exigem medidas que impeçam seu estabelecimento em locais livres dos mesmos: Guinardia citricarpa (citros), Mycosphaerella fijiensis (banana e helicônia), Candidatus Liberibacter spp. (citros,Fortunella spp.Poncirus spp. e murta), Xanthomonas citri subsp. Citri (citros, Fortunella spp., Poncirus spp.) e Xanthomonas campestres pv. vitícola (uva). 
As doenças quarentenárias devem ter mais destaque nos livros-texto usados no ensino da fitopatologia, valorizando mais os métodos legislativos (leis, decretos e instruções normativas), e nos manuais que tratam das principais doenças de cada cultura. 
Referente a educação sanitária vegetal, é fundamental que as pessoas tenham ciência que nunca devem trazer vegetais de suas viagens, pois estes podem transportar patógenos quarentenários.


Figura 1: (A) flores de pêssego mostrando sintomas típicos de infecção por Plum Pox virus. (B) Anéis e manchas cloróticos em folhas de pessegueiro. (C) anéis amarelos concêntricos em fruto de pêssego. (D) padrões anelares em frutos de damasco. Foto Sochor et al. (2012) - http://www.mdpi.com/1999-4915/4/11/2853/htm


Figura 2: lesões necróticas e esporulação de Moniliophthora roreri em frutos de cacau. Foto: Johnson et al. (2017) - https://www.ndrs.org.uk/article.php?id=036002#


Figura 3: Planta de mandioca apresentando sintomas mosaico causado por African Cassava Mosaic Virus – Foto: Eiselen Foundation Ulm – www.eiselen-stiftung.de/

Figura 4: Plantas de mandioca com sintomas de mosaico causado por African Cassava Mosaic Virus (A, C e D) planta saudável (B) – Foto: Alabi et al, 2011.


sábado

Banana

A banana é originária da Ásia meridional, de onde se difundiu para a África e a América - É uma fruta deliciosa, nutritiva e medicinal. É diurética e ligeiramente laxativa. É um fator terapêutico em certas enterites, sendo também aconselhável aos convalescentes em geral.
Entre todas as frutas, nenhuma possui qualidades superiores às da banana. Nenhuma outra é tão apreciada pelo homem e, principalmente, pelas crianças. Os petizes preferem banana a qualquer outra fruta.
 Imagem: Google
 
É uma fruta para todas as idades, para todas as mesas, para todas as classes sociais. Crianças e idosos, sãos e enfermos, ricos e pobres, todos podem dela alimentar-se. É a fruta das frutas.
O título de "rainha das frutas" cabe, legitimamente, à banana.
Musa paradisiaca é seu nome científico de uma das diversas espécies de banana. Crua ou assada, frita ou cozida, seca ao sol ou passada no melado, em doces ou compotas, a banana é um alimento de primeira grandeza. Deve-se, porém, preferi-la sempre crua.
Transformada em farinha dá um alimento especial, muito nutritivo, recomendado em mingaus, às crianças pequenas e debilitadas.
A banana é objeto de grande comércio internacional, sendo os Estados um grande consumidor, e a América Tropical um grande produtor. Ela é própria dos climas quentes e úmidos, preferindo as planícies próximas ao mar e resguardadas dos ventos.

Composição química em 100g do fruto

Calorias                                        
    Banana-d'água                        95,00
    Banana ouro                         162,00

Água
    Banana-d'água                        76,00g
    Banana ouro                           60,10g

Hidratos de carbono
    Banana-d'água                        22,00g
    Banana ouro                           36,00g

Proteínas
    Banana-d'água                        1,30g
    Banana ouro                           2,39g

Gorduras                                    0,20g
Sais                                            0,50g

Vitamina A                                233U.I.
Vitamina B¹                               57,00mg
Vitamina B²                               80,00mg
Vitamina B5                                1,18mg
Vitamina C                                  6,40mg

Sais em 100g de fruto

Potássio                                     401,00mg
Sódio                                           34,00mg
Fósforo                                        26,00mg
Cálcio                                          26,00mg
Ferro                                              1,06mg


Banana-nanica
Também chamada de banana-d’-água, o tipo mais popular no Brasil tem 87 calorias a cada 100 gramas. O nome vem do pequeno tamanho da bananeira, ideal para dar estabilidade contra ventos fortes. É levemente laxante.
Banana-da-terra
Na maior espécie do país, os frutos podem chegar a 26 centímetros de comprimento e pesar até meio quilo, contendo 122 calorias a cada 100 gramas. É o tipo com mais quantidade de vitaminas A e C. A melhor pedida é usá-la em pratos cozidos ou fritos.
Banana-prata
Tem a vantagem de ser uma das mais duráveis, podendo ser consumida até quatro dias depois de amadurecer. Não é das mais calóricas, são 89 calorias a cada 100 gramas, tem polpa consistente e pouco doce. É a mais indicada para fritar e para fazer bananada.
Banana-maçã
Tem 100 calorias a cada 100 gramas. Exala um perfume que lembra o da maçã. Sua polpa branca e macia é recomendada para bebês e idosos, pois é a variedade de digestão mais fácil. Uma de suas características é prender o intestino.
Banana-ouro
Com tamanho inferior a 10 centímetros, é o menor dos tipos nacionais, mas também o com maior número de calorias, 158 em cada 100 gramas. Encontrada desde o litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo, possui uma polpa doce e perfumada.


Usos medicinais
A banana é recomendada contra a prisão de ventre crônica, transtornos do estômago (ex.acidez gástrica).
A seiva da banana também possui propriedades medicinais.


 Valor alimentício

Conhecem-se no Brasil mais de 30 variedades de bananas, as mais comuns das quais são: a nanica, prata, ouro, maçã, d'água, S.Tomé, figo, da terra, cacau, etc.
O valor alimentício da banana reside principalmente no seu teor de hidratos de carbono, que vai de 20,80% na S.Tomé a 36,80% na ouro.
Entre os sais minerais contidos na banana destacam-se: potássio, sódio, fósforo, cloro, magnésio, enxofre, silício e cálcio.
A banana contém vitaminas A, B¹, B²,B5, e C, além de algumas outras, menos importantes para o nosso organismo, segundo o que está assente até hoje. A vitamina A se encontra na proporção de 200 a 300 U.I. por 100g, nas diversas variedades. A taxa das vitaminas B¹, B² e B5 é pequena. É bem variado o teor de vitamina C, de um tipo de banana para o outro. Assim, em 100g, d'água possui 6,4 mg; a maçã 12,7mg; a figo 15,3 mg; a prata 17,3 mg; a ouro 9,4 mg.
A banana deve ser consumida de forma natural ou misturada, em saladas ou com outras frutas. Podemos usar, também, com vantagem,os doces de banana, as bananas dessecadas e a farinha de banana, que são alimentos energéticos.
A banana pode ser incluída na dieta infantil desde os 6 meses de idade. Pode ser passada no liquidificador, e incluída na mamadeira.
A banana, como alimento saboroso, saudável, substancial e nutritivo, deve ser aconselhada, sem reservas, a todos aqueles que procuram recuperar a saúde.




Saiba mais:
Livro "Banana: o produtor pergunta, a Embrapa responde" disponível para baixar aqui.

Adaptado de Balbach, Alfons (s.a) As frutas na medicina doméstica. 9ª Edição. São Paulo: M.V.P. 370p.  
https://mundoestranho.abril.com.br/ambiente/quantos-tipos-de-banana-existem-e-quais-sao-as-mais-nutritivas/