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segunda-feira

Lepidópteros desfolhadores de Eucalipto


Thyrinteina arnobia (Geometridae)
Thyrynteina schadeana (Geometridae)
Sarsina violascens (Lymantriidae)
Oxydia vesulia (Geometridae)
Oxydia distans (Geometridae)
Euselasia sp. (Riodinidae)
Stenalcidia sp. (Geometridae)
Sabulodes caberata (Geometridae)
Anacamptodes sp. (Geometridae)
Nystalea nyseus (Geometridae)
Eupseudosoma involuta (Arctiidae)
Glena sp. (Geometridae)
Pyrrhopyge charybdis (Hesperiidae)
Molippa sabina (Saturniidae)
Automeris coresus (Saturniidae)
Automeris nyctimene (Saturniidae)
Automeris complicata (Saturniidae)
Automeris memusae (Saturniidae)
Lonomia circunstans (Saturniidae)
Eacles imperialis (Saturniidae)
Dirphia sp. (Saturniidae)
Dirphia multicolor (Saturniidae)
Dirphia dolosa (Saturniidae)
Hyperchiria incisa (Saturniidae)
Phobetron hipparchia (Limacodidae)
Hylesia sp. (Saturniidae)
Citheronia marion (Saturniidae)
Euphobetron hydropteris (Limacodidae)
Lethata invigilans (Stenomidae)
Apotelodes sericea (Eupterotidae)
Hymenomina extensaria (Geometridae)

terça-feira

Percevejo bronzeado do eucalipto

Espécie: Thaumastocoris peregrinus

Ordem Hemiptera: Thaumastocoridae
Origem: Austrália
Detecção: Detectado em maio de 2008




Inseto de corpo achatado e mede 3 mm de comprimento

Dados biológicos:
Ciclo de vida: aproximadamente 35 dias (ovo – adulto)
Potencial reprodutivo: 60 ovos/fêmea





DANOS
• Prateamento de folhas (semelhante a dano de tripes)
• Bronzeamento de folhas
• Secamento de folhas
• Desfolhamento
Aparentemente há preferência por folhas maduras.

quarta-feira

Munguba (Pachira aquatica Aubl)

Munguba (Pachira aquatica Aubl) é uma árvore da família Malvaceae nativa da América Central e do Sul em áreas alagáveis.
A Pachira aquatica conhecida vulgarmente como munguba é uma árvore frondosa, cujas folhas pecioladas e digitadas apresentam de 5a 9 folíolos verde-escuro. Suas flores com 5 pétalas muito grande são castanho-avermelhadas (Barroso et al. 1978).
 Estudos desenvolvidos sobre a composição das sementes demonstram que a que a Pachira aquatica tem um elevado teor de óleo(44,1%) sendo o ácido palmítico o seu principal componente.
Observou-se também a existência de proteína com alto teor de triptofano. Testes efetuados toxicológicos realizados sobre a Pachira aquatica apresentou discreta toxicidade e não apresentou evidencias citotóxicas, não foi observada atividade bactericida (Charlene K. S. Pereira, Cínara S. Vidal, Max R. Quirino e Marçal Q. Paulo).
Espontaneamente, a árvore vegeta em locais úmidos, nas margens e nos barrancos de rios e lagoas, ou em terrenos alagadiços e brejosos, de onde provém a aquática do seu nome científico. No entanto, a monguba adapta-se facilmente a condições bem diversas de solo e clima. Em geral, a monguba é árvore de tamanho variável, bastante frondosa, possuindo uma copa densa e arredondada. Por tais qualidades e pela beleza e exotismo de suas grandes flores amarelas de pontas avermelhadas, é árvore de reputada função ornamental. A monguba é, inclusive, bastante utilizada na arborização das ruas, provando sua adaptabilidade e sua capacidade de medrar até mesmo em terrenos secos (Cronquist 1981).
Embora seja espécie muita conhecida, adaptável ao cultivo, de frutos saborosos e de variadas utilidades, a monguba é pouco utilizada pelos brasileiros, não sempre reconhecida como espécie de importância para a exploração econômica, o que é um equívoco. As belas monguba produzem anualmente grandes quantidades de frutos, disputados avidamente pela fauna. Deles, aproveita-se às sementes. Sendo da mesma família das paineiras, as sementes da monguba, que permanecem guardadas em grandes e compridas cápsulas de coloração castanho-avermelhadas e de aparência aveludada, ficam envoltas em meio a uma paina branca.
As castanhas são comestíveis e podem ser consumidas cruas, assadas sobre a brasa, fritas em óleo, cozidas com sal ou torradas, produzem bebidas como o café.
Sinonímia: castanheiro-do-maranhão, cacau-selvagem, castanheira da água, castanheiro-de-guiana, mamorana, munguba, mungaba. Curiosamente, é chamada nos EUA de MONEYTREE

Pragas:
Eucroma - Euchroma gigantea (Coleoptera: Buprestidae)
As larvas infestam a madeira podendo provocar a queda da árvore.






Mais Insetos associados 

Além de E. gigantea há registros de moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae), Bemisia sp. (Hemiptera: Aleyrodidae); Dryoctenes scrupulosa (Germar, 1824) e Steirastoma brevis (Sulzer, 1776) e Steirastoma depressum (Sulzer, 1776) (Coleoptera: Cerambycidae); percevejos-manchadores do gênero Dysdercus (Hemiptera: Pyrrochoridae); Coptotermes gestroi (Wasmann, 1896) (Isoptera: Rhinotermitidae) e Heterotermes sp. (Isoptera: Termitidae); Psylla floccosa Patch, 1909 (Hemiptera: Psyllidae), Palindia detracta Walsh. (Lepidoptera: Pyralidae), Phelypera shuppeli (Boheman, 1834) (Coleoptera: Curculionidae); Metcalfiella pertusa (Germar, 1835) (Hemiptera: Membracidae), Toxoptera citricida (Kirkaldy, 1907) (Hemiptera: Aphididae), Aspidiotus destructor Signoret, 1869 (Hemiptera: Diaspididade), Dorisiana sp. e Quesada gigas (Olivier, 1790) (Hemiptera: Cicadidae).





Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Monguba
FONSECA, A. P. P. 2010. Aspectos Biológicos de Euchroma gigantea (Linnaeus, 1758) (COLEOPTERA: BUPRESTIDAE) EM Pachira aquatica Aubl. (1775) (BOMBACACEAE) (Dissertação mestrado) Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas. RIO LARGO, ESTADO DE ALAGOAS, BRASIL 

domingo

Principais pragas na arborização urbana III – Insetos Broqueadores (brocas)

Francisco José Zorzenon, Ana Eugênia de Carvalho Campos, João Justi Junior, Marcos Roberto Potenza - Centro de P&D de Sanidade Vegetal

A arborização das cidades constitui-se em um elemento de vital importância para a melhoria da qualidade de vida da população, seja em grandes centros urbanos quanto em pequenas cidades. Com suas características, são capazes de controlar muitos efeitos adversos do ambiente urbano, contribuindo para uma significativa melhoria na qualidade de vida. No entanto, a arborização necessita, como qualquer outra atividade, de atenção e cuidados da população e de profissionais competentes e bem treinados para a sua realização.

São considerados insetos broqueadores ou simplesmente “brocas”, os insetos perfuradores e causadores de danos em árvores e palmeiras, vivas ou mortas, e em seus produtos (madeira, papel, etc.), etc. As brocas podem pertencer a várias Ordens e a várias famílias e subfamílias. Temos como exemplos práticos:

• Ordem Coleoptera (besouros): várias Famílias (Cerambycidae, Curculionidae
— inclusive as subfamílias Platypodinae, Scolytinae), Bostrichidae (incluindo a subfamília Lyctinae), Dryophthoridae (várias pragas em palmeiras: Rhynchophorus palmarum, Rhinostomus barbirostris, Metamasius spp.), etc.

• Ordem Lepidoptera (mariposas): Eupalamides daedalus (Castnidae), Timocratica spp. (Stenomidae)

• Ordem Hymenoptera (vespas): Sirex noctilio (Vespa-da-madeira) (Siricidae)

• Ordem Diptera (moscas): Panthophthalmus spp. (Panthophthalmidae)

Coleobrocas

São denominados coleobrocas, os insetos da Ordem Coleoptera (besouros) causadores de danos em árvores e palmeiras vivas, madeiras recém-abatidas, manufaturadas e secas, usando-as de uma maneira geral, como alimento ou substrato para o cultivo de fungos que servirão de material energético para o desenvolvimento de larvas e adultos. Em áreas urbanas, as coleobrocas são mais frequentemente encontradas infestando madeiramentos, bem como árvores e palmeiras residenciais e viárias, sejam em ruas, praças e jardins, causando danos diretos (consumo e destruição gradual do tecido vegetal) ou indiretos (veiculando fungos ou nematoides causadores de doenças às plantas vivas).

Ciclo Biológico

As brocas iniciam a infestação em determinadas plantas ou madeiras quando fêmeas adultas, após serem fertilizadas por machos, ovipositam em árvores ou madeira seca geralmente nua (sem acabamento). As larvas oriundas desses ovos alimentam-se da madeira até se transformarem em pupas e, posteriormente, em adultos. A fase larval é geralmente mais longa, sendo esta fase a principal causadora de danos em madeiras manufaturadas ou árvores e palmeiras vivas. Normalmente, madeiramentos atacados, onde as larvas ainda estão presentes e ativas no interior da madeira, apresentam orifícios obliterados pelas fezes (resíduos em forma de pó fino ou de granulometria variada). O pó acumulado indica os locais infestados. Orifícios abertos (limpos) indicam a emergência de adultos. Algumas famílias de coleobrocas dão preferência a madeiras recém-abatidas ou árvores e palmeiras vivas. Os adultos inoculam fungos que servirão de alimento às larvas, em complemento ao consumo do xilema (fonte energeticamente pobre), assim como auxiliam na degradação da própria madeira facilitando, assim, o consumo por larvas e adultos.

Em algumas árvores resinosas e palmeiras, a presença de exudatos (sangramento de seiva) é comum, sendo indicativo de infestação.

As coleobrocas possuem hábitos alimentares distintos, variando na região da planta atacada (casca, alburno ou xilema funcional, etc.), palmeiras e monocotiledôneas em geral (sendo o tecido condutor o metaxilema), sementes, teor de umidade (viva, recém-abatida ou seca), cultivadoras de fungos, podendo ser:

• Fleófagas (alimentam-se de tecidos do floema da casca)

• Xilófagas (alimentam-se do xilema, madeira)

• Metaxilófagas (alimentam-se do tecido condutor em palmeiras)

• Xilomicetófagas (alimentam-se de xilema e fungos inoculados)

• Espermófagas (alimentam-se de sementes)

As coleobrocas podem ser influenciadas por diversos fatores climáticos como temperatura e umidade, além da cor, textura, tamanho e forma, tipo de madeira ou planta, inclinação do hospedeiro (em árvores eretas, inclinadas, abatidas), velocidade do ar, presença de feromônios, etc. Desde a árvore viva até a madeira em uso, diferentes famílias de coleobrocas infestam a madeira, nas diferentes fases do seu beneficiamento. Apesar do grande número famílias, podemos classificá-las de maneira prática em quatro grandes grupos:

1. Coleobrocas de árvores e palmeiras vivas (umidade altíssima)
2. Coleobrocas de árvore recém-abatida (umidade alta)
3. Coleobrocas de madeira em processo de secagem (umidade intermediária)
4. Coleobrocas de madeira seca (umidade baixa)

Coleobrocas em árvores e palmeiras vivas:
Árvores e palmeiras vivas possuem altíssimo teor de umidade. As coleobrocas que atacam a madeira nessas condições são principalmente das famílias Cerambycidae, Curculionidae (inclusive subfamílias Scolytinae e Platypodinae), Dryophthoridae e Buprestidae.

Os besouros Cerambicídeos são facilmente reconhecidos por apresentarem corpo ligeiramente achatado dorsoventralmente e antenas geralmente muito longas. Possuem coloração variada, metálica, vistosa ou discreta. São conhecidos por serra-paus (quando cortam galhos de árvores para a postura) ou simplesmente por brocas (quando infestam troncos). Atacam árvores vivas ou madeiras em decomposição. Como exemplos temos: Oncideres spp. (serra-paus), Steirastoma spp. (broca de paineira, etc.) Dorcacerus barbatus, Retrochydes thoracicus, Trachyderes succinctus succinctus (brocas de jabuticabeira, pitangueira, de mirtáceas em geral, etc.), Malodon spinibarbis (broca de eucalipto), dentre muitas outras. Já os Buprestídeos são besouros de coloração vistosa, metálicas ou não, de forma ligeiramente elíptica e antenas mais curtas e serreadas. Infestam paineiras, munguba, etc., podendo levá-las à morte. Exemplo típico é representado pela espécie Euchroma gigantea, um besouro muito grande, metálico, importante praga de paineira.

Alguns curculionídeos infestam árvores e palmeira vivas, podendo causar a morte delas. As subfamílias Platypodinae e os Scolytinae da família Curculionidae depositam seus ovos nas árvores e palmeiras, podendo introduzir fungos que servirão de alimento complementar ou principal para suas larvas. Esses fungos inoculados pelos insetos podem ser fitopatogênicos (causadores de doenças em plantas), levando muitas vezes as plantas à morte. Essas pragas infestam a casca ou regiões do cerne das plantas. Mesmo quando o ataque não for muito profundo, a grande quantidade de orifícios e galerias e as manchas causadas pelos fungos causam grande diminuição do valor da madeira. Tanto os insetos quanto os fungos envolvidos necessitam de umidade elevada para seus desenvolvimentos, não sendo, portanto, encontrados em madeiras com baixos teores de umidade ou madeiras secas. A presença de pontuações, “charutos” de serragem e exudatos (sangramento, semelhante a uma “vela escorrida”) em árvores resinosas ou palmeiras, são indicativos de infestação. Os principais representantes destas subfamílias são Megaplatypus sp., Platypus sp., Xyleborus sp. Dendroctonus sp. e Hypocryphalus mangiferae.

Os representantes da família Dryophthoridae são importantes pragas em palmeiras ornamentais (palmeira real, palmeira imperial, areca, etc.) e industriais (coco, dendê, palmito, etc.), normalmente limitantes as culturas, levando-as a uma redução de vigor, depauperamento gerneralizado e morte. Como exemplos, temos a principal praga em palmeiras, conhecida por Broca-do-olho-das-palmeiras (Rhynchophorus palmarum), e os não menos importantes Falso-moleque-da-bananeira ou Bicudinho (Metamasius hemipterus e Metamasius ensirostris) e a Broca-do-estipe (Rhinostomus barbirostris).

Coleobrocas de árvores recém-abatidas:

Árvores recém-abatidas possuem alto teor de umidade. As coleobrocas pragas são principalmente das famílias: Cerambycidae e Curculionidae das Subfamílias Scolytinae e Platypodinae. Nestas situações, a inoculação de fungos e/ou perfurações elevadas proporcionam a depreciação da madeira, reduzindo seu valor, muitas vezes intervindo em suas propriedades mecânicas, além de interferir esteticamente em sua aparência.

Coleobrocas de madeira em processo de secagem (madeira verde) e de madeira seca:
Durante a secagem da madeira, esta apresenta teores médios de umidade. As famílias mais comuns nesta etapa são os Bostriquídeos, Curculionídeos (Scolytinae) e alguns Cerambicídeos. Alguns gêneros infestam árvores vivas, mas preferencialmente madeiras verdes.

Madeiras secas são as que possuem teores de umidade abaixo dos 30%. Anobiídeos e Bostriquídeos (Subfamília Lyctinae) atacam a madeira nessas condições. Não infestam árvores ou palmeiras vivas. As larvas fazem galerias e deixam resíduos na forma de pó muito fino e seco.

Referências
ARAÚJO, R.L. Uma broca das palmeiras. Biológico, São Paulo, v4, n.6, p.139-191. 1938.

Bondar, G. Insetos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Bahia: Tipografia Naval, 1940. 160p.

Ferreira, J.M.S.; Warwick, D.R.N.; Siqueira, L.A. Cultura do coqueiro no Brasil. Aracaju, SE : EMBRAPA - SPI, 1994. 309p.

Lepesme, P. Les insects des palmier. Paris. Paul Lechevalier, 1947. 899 p.

Moraes, G. J.; Berti Filho, E. Coleobrocas que ocorrem em essências florestais. IPEF n. 9, p. 27-42, 1974.

Zorzenon, F. J.; Bergmann, E. C. Ocorrência de Xyleborus ferrugineus (Fabricius, 1801) (Coleoptera : Scolytidae) em frutos e sementes de duas espécies do gênero Euterpe. Revista de Agricultura, v.70, n.1, p.17-20. 1995.

Zorzenon, F.J., Bergmann, E.C; Bicudo, J.E.A. Primeira ocorrência de Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1758) e Metamasius ensirostris (Germar, 1824) (Coleoptera, Curculionidae) em palmiteiros dos gêneros Euterpe e Bactris (Palmae) no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, v67, n.2, p.265-268, 2000.

Zorzenon, F.J. Principais pragas das palmeiras In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. Plantas ornamentais: doenças e pragas. Cap. 10 p.207-247, 2008.  

Fonte: Instituto Biológico

terça-feira

Rhynchophorus ferrugineus em palmeiras

Praga do escaravelho está a condenar à morte dezenas de árvores no Parque Natural.Ao chegar ao Parque Natural de Arrábida (PNA), pela estrada Sul, o cenário é desolador: dezenas de palmeiras estão mortas ou a morrer por causa da doença do escaravelho. Uma praga que, nos últimos anos, invadiu o país e que até agora as autoridades não conseguiram controlar.

Logo à saída de Setúbal, entre o mar e o Parque, vêem-se a primeiras árvores de folhas secas, a cortar o céu. Quase todas mortas. Uma ou outra parece resistir ao insecto que as come desde o interior, mantendo poucos ramos esverdeados. Mas a cor mais comum é o castanho.

«Grande parte destas árvores tem várias dezenas de anos. É uma pena desaparecerem», diz José Paulo Martins, que, como cresceu em Setúbal, lembra-se de ver estas palmeiras à beira da estrada desde pequeno. «Na Arrábida as palmeiras fazem parte da paisagem natural, são fundamentais», argumenta, lembrando que, se muitas destas árvores são já do século XVII ou XVIII, ali as palmeiras «terão sido plantadas na primeira metade do século XX».

Todas as que agora estão a morrer na Arrábida são, segundo José Paulo Martins, de uma espécie oriunda das ilhas Canárias: as phoenix canariensis. «São palmeiras maiores e mais frondosas [com ramos e galhos longos]», explica o especialista da Quercus que acompanhou o início desta epidemia no Algarve, em 2007 – ano em que o escaravelho entrou no país através do comércio de plantas.

Desde então, as autarquias têm tentado combater a praga com tratamentos biológicos e químicos, o que tem sido difícil. «E se nada for feito neste caso, há o grande perigo de a praga da Arrábida se estender ao resto do concelho», alerta o ambientalista, notando que «Setúbal é um dos locais com mais palmeiras, por causa do clima». As árvores predominam no jardim municipal, na Av. Luísa Todi e nas praias.

O ambientalista lembra ainda que o perigo de extinção pode ser grande, à semelhança do que aconteceu com as palmeiras anãs, naturais do país, e que desapareceram da Arrábida. «Seria triste. As pessoas estão muito habituadas há várias gerações a ver ali as palmeiras», refere. E acrescenta: «São árvores belas, de que as pessoas gostam».

Por isso, considera que as diferentes entidades, sejam governamentais, autárquicas ou privadas, «deveriam investir na sua defesa», mesmo se não são árvores originárias do país.

Ministério tem recebido queixas

Por temer a expansão da praga do escaravelho vermelho a todo o concelho, a presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira, criou, numa iniciativa inédita em Portugal, o Plano Municipal de Controlo do Escaravelho.

Para este programa, lançado no ano passado, foram atribuídos 54 mil euros – que se somaram aos oito milhões já gastos em 2010. E levou a que se juntassem em Setúbal elementos de várias autarquias do país e especialistas portugueses, italianos e espanhóis, com experiência no controlo da praga, para um seminário internacional sobre o tema.

Ao mesmo tempo, os técnicos da câmara especializaram-se no escaravelho e meteram mãos à obra: além das podas sanitárias, que incluem «o corte ou limpeza das folhas secas», como explicou fonte oficial da autarquia ao SOL, foram feitos tratamentos biológicos e químicos. «Apostou-se em tratar palmeiras em sítios de grande impacto visual ou com elevado valor patrimonial», refere a mesma fonte. No conjunto, explica ainda, «a câmara tratou 789 palmeiras». Mas nem todas sobreviveram: 22 tiveram de ser abatidas. A autarquia congratula-se, no entanto, com «a enorme taxa de sucesso». «É de 97,21%», garante aquela fonte. De fora, ficaram 50 palmeiras mortas no concelho «devido ao facto de se localizarem em zonas de difícil acesso».

Quanto às palmeiras da Arrábida, o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade diz não dispor de dados sobre o seu estado sanitário. «Não detemos competências na conservação das espécies exóticas», justificou ao SOL fonte oficial daquele organismo, tutelada pelo Ministério do Ambiente. No entanto, admite que a situação já gerou várias reclamações: «Temos recebido no PNA algumas queixas que temos reencaminhado para o Município de Setúbal, dado tratar-se de situações em perímetro urbano».

O início da invasão do escaravelho

Originário da Ásia e da Oceania, o escaravelho da palmeira, cujo nome científico é Rhynchophorus ferrugineus, chegou a Portugal em 2007, através de viveiros contaminados para comércio de palmeiras. Com uma capacidade de contaminação rápida, em caso de ausência de tratamento, condena as árvores à morte, comendo-as a partir do interior e secando-as. Em Portugal, o escaravelho da palmeira chegou primeiro ao Algarve, concretamente a Albufeira, mas rapidamente se propagou pelo resto do país, sobretudo no Centro. Lisboa, Oeiras, Setúbal e Cascais são dos concelhos mais afectados pela praga.

O problema expandiu-se tão rapidamente em vários países europeus, como Espanha, Portugal e Itália, que a União Europeia tornou a luta contra esta praga obrigatória entre os seus Estados-membro com produtos homologados. O também conhecido como escaravelho vermelho ataca principalmente palmeiras das Canárias ou as espécies Phoenix. Quando se avista a copa de uma palmeira com os ramos secos, geralmente, segundo os especialistas, já há pouco a fazer.

Fonte: http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=40676

quarta-feira

Principais pragas da arborização urbana II: formigas carpinteiras



Francisco J. Zorzenon - zorzenon@biologico.sp.gov.br
Ana Eugênia de C. Campos - anaefari@biologico.sp.gov.br
João Justi Junior - justi@biologico.sp.gov.br
Marcos R. Potenza - potenza@biologico.sp.gov.br

A maneira de perceber o meio ambiente pelo homem, mesmo o urbano, foi intensamente modificada pelo pensamento ecológico. Durante longo tempo, a árvore foi utilizada isoladamente, como um objeto de adorno meramente estético em detrimento de suas reais necessidades, sendo percebida individualmente e não coletivamente.

As florestas urbanas são ecossistemas compostos pela integração entre sistemas naturais e sistemas antropogênicos, definindo-as como a soma de toda a vegetação lenhosa que circunda e envolve os aglomerados urbanos, desde pequenas comunidades a grandes metrópoles. A vegetação urbana é representada por conjuntos arbóreos de diferentes origens e que desempenham diferentes papéis. Os problemas na arborização urbana são muito comuns de serem visualizados e causados, na maioria das vezes, por um manejo inadequado, prejudicial às plantas. Árvores podadas drasticamente e com muitos problemas fitossanitários, como presença de cupins, brocas e fitopatógenos, injúrias físicas como anelamentos, caules ocos e podres, galhos lascados, são alguns dos muitos problemas encontrados em árvores viárias. A correta escolha das espécies para utilização na arborização urbana é de fundamental importância no sentido de se evitar problemas futuros da árvore com o ambiente construído ou vice-versa. Para isso é extremamente importante que seja visualizado o espaço disponível, considerando a presença ou ausência de fiação aérea e de outros equipamentos urbanos, largura da calçada e recuo predial.

O uso de espécies adequadas evita podas periódicas de correção que prejudicam o vegetal pela inibição de seu processo de desenvolvimento natural e descaracterização de sua forma. O comprometimento estético é observado, assim como a desestruturação de raízes e troncos, havendo o perigo de tombamento precoce, sendo este alarmante em áreas adjacentes as habitações. Inúmeros casos são observados nas cidades, principalmente em épocas chuvosas, onde a quebra de estipes de palmeiras, galhos, troncos ou a queda de árvores inteiras, podem levar a acidentes e a prejuízos de grande monta. As árvores infestadas por formigas carpinteiras e demais pragas são focos de dispersão a outras árvores sadias e construções adjacentes, podendo as formigas formar ninhos satélites em construções (forros de madeira, portas duplas, etc.).

Formigas carpinteiras (Camponotus spp.):

Atualmente, estima-se que existam cerca de 18.000 espécies de formigas no mundo, sendo que o Brasil apresenta 2.000 espécies identificadas e, destas, somente 1% é considerada praga, sendo cerca de 50 espécies adaptadas ao ambiente urbano. As espécies do gênero Camponotus, de hábito normalmente noturno (com exceções), geralmente fazem ninhos em cavidades no solo, madeiramentos, árvores vivas ou mortas, atrás de batentes de janelas ou portas, vigamentos de telhado, rodapés, assoalhos, fendas em paredes, dentro de gavetas e forros de madeira, possuindo ninhos satélites ou secundários, ligados ao ninho principal. As espécies mais comuns em território nacional são Camponotus atriceps (Fr. Smith, 1858) (= C. abdominalis), Camponotus crassus (Mayr, 1862), Camponotus rufipes, Camponotus arboreus e Camponotus fuscocinctus.

Entretanto, as espécies de Camponotus mais encontradas na arborização urbana em São Paulo são C. atriceps, C. crassus, C. rufipes, Camponotus sericeiventris e Camponotus rengeri.

As formigas carpinteiras de um modo geral nidificam (formam ninhos) nos mais variados ambientes, colonizando galhos e troncos de árvores vivas ou mortas, solo, cupinzeiros abandonados, madeiramentos em decomposição e de construção de casas, praticamente em todos os materiais fabricados em madeira.

Apesar da escavação de madeiramentos ou aproveitamento de aberturas existentes nelas para o feitio dos ninhos, essas formigas não se alimentam de celulose, procurando preferencialmente por substâncias contendo carboidratos (açúcares, néctar, etc.) podendo muitas vezes interagir mutualisticamente com cochonilhas, pulgões e cigarrinhas a procura de honeydew (substância adocicada secretada por insetos sugadores), proteínas (insetos, aves mortas, etc.), gorduras, dentre outros alimentos.

Pesquisa realizada pelo Instituto Biológico em área na cidade de São Paulo, durante 8 anos, em mais de 1.600 árvores viárias de 52 espécies diferentes, identificou espécies nativas e exóticas de maior e menor susceptibilidade à infestação por formigas carpinteiras, inclusive em palmeiras ornamentais.

Manejo de Camponotus em árvores urbanas

A localização de ninhos de Camponotus em árvores, muitas vezes, pode ser facilitada pela presença de resíduos de madeira raspada em forma de serragem (raspas), depositados junto à base do tronco da árvore infestada, indicando a atividade característica do gênero. Encontrar os ninhos primários e secundários é um dos maiores problemas para o controle.

A eliminação dos ninhos de Camponotus em árvores, por meio de pulverizações e infiltrações em troncos de inseticidas domissanitários, é de suma importância para o êxito no controle. Os principais ingredientes ativos são preferencialmente de baixa toxicidade ao homem e ao ambiente como: os piretroides permetrina, cipermetrina, lambda cialotrina, alfa cipermetrina, deltametrina e ciflutrina, o fenil pirazol fipronil e os neonicotinoides imidaclopride e thiamethoxam. O uso de iscas tóxicas à base de ácido bórico a 1% em líquido adocicado serve como complemento no controle de formas jovens e reprodutores localizados nos ninhos e depende delas não possuírem efeitos repelentes e terem longo espectro de ação.

Os inseticidas domissanitários profissionais devem ser sempre aplicados por empresas controladoras de pragas urbanas, diluídos em água, em ninhos de Camponotus localizados em aberturas naturais de árvores, assim como em tratamentos perimetrais. A quantidade de litros de calda inseticida pode ser variável, dependendo do tamanho da árvore e do ninho encontrado. A quantidade de calda aplicada pode variar para mais ou para menos, de acordo com o diâmetro da árvore tratada. A concentração utilizada para a elaboração da calda inseticida é de 0,5% do ingrediente ativo por litro de água, devendo ser respeitadas as orientações descritas no rótulo do produto utilizado.

Referências consultadas

Bueno, O.C.; Campos-Farinha, A.E. de C. As formigas domésticas In: Insetos e outros invasores de residências. Mariconi, F.A.M. (Coord.), Piracicaba: FEALQ, p. 135-180, 1999.

Bueno, O.C.; Campos-Farinha, A.E. de C. Formigas Urbanas: comportamento das espécies que invadem as cidades brasileiras. Revista Vetores e Pragas, v.1, n.12, p.13-16, 1998.

Campos-Farinha, A. E. de C.; Justi Junior, J.; Bergmann, E.C.; Zorzenon, F.J.; Netto, S.M.R. Formigas Urbanas. São Paulo: Instituto Biológico, 1997. (Bol. Técn. n.8)

Campos-Farinha, A.E. de C.; Zorzenon, F.J. Formigas In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. (Ed.) Plantas ornamentais: doenças e pragas. Instituto Biológico: São Paulo. Cap. 12, p.277-301, 2008.

Crestana, M de S.M.; Filho, D.F. da S.; Bertoni, J.E.de A.; Guardia, J.F.C.; Araújo, R.T. de. Árvores & Cia. Campinas: CATI, 132p., 2007.

Mariano, C.S.F.; Delabie, J.H.C.; Nascimento, I.C. do. Preferências de Habitat dos Subgêneros de Camponotus (Hymenoptera, Formicidae, Formicinae) na Região Sul da Bahia. XVII Congresso Brasileiro de Entomologia, Rio de Janeiro, RJ, 1998.

Mello Filho, L.E. de. Arborização urbana. In. ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 1985, Porto Alegre. Anais. Porto Alegre: Secretaria Municipal do Meio Ambiente, p.51-56. 1985.

Miller, R.W. Urban Forestry: Planning and Managing Urban. 2.ed. New Jersey: Greenspaces. 502p. 1997.

Paiva, H.N. de.; Gonçalves, W. Florestas Urbanas: Planejamento para Melhoria da Qualidade de Vida. Viçosa (MG): Aprenda Fácil, 177p., 2002.

Robinson, W.H. Urban Entomology, insect and mite pests in humam environment. London: Chapman e Hall. 430p., 1996.

Zorzenon, F.J. Levantamento pré e pós-tratamento de cupins subterrâneos e formigas do gênero Camponotus em Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), Jacarandá Mimoso (Jacaranda mimosifolia), Ipê (Tabebuia spp.) e Quaresmeira (Tibouchina granulosa) em área determinada no bairro do Morumbi (Cidade Jardim), Município de São Paulo. UNESP Campus de Rio Claro, São Paulo, (monografia de especialização em Entomologia Urbana), 88p., 2004.

Zorzenon, F.J.; Justi Junior, J. Manual Ilustrado de Pragas Urbanas e Outros Animais Sinatrópicos. Instituto Biológico: São Paulo, 151p., 2006.

Zorzenon, F.J. Principais pragas das palmeiras In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. (Ed.) Plantas ornamentais: doenças e pragas. Instituto Biológico: São Paulo. Cap. 10, p.207-247, 2008.

Zorzenon, F.J. Levantamento, dimensionamento de danos e manejo de cupins subterrâneos e formigas carpinteiras em arborização urbana. 2009. 131p. (Mestrado em Sanidade, Segurança Ambiental e Ambiental no Agronegócio) – Instituto Biológico, São Paulo, 2009.

Fonte: Instituto Biológico

Principais pragas da arborização urbana I: cupins subterrâneos

Francisco J. Zorzenon - zorzenon@biologico.sp.gov.br
Ana Eugênia de C. Campos - anaefari@biologico.sp.gov.br
João Justi Junior - justi@biologico.sp.gov.br
Marcos R. Potenza - potenza@biologico.sp.gov.br

São parcos os estudos e informações sobre taxas de crescimento, resistência ou sensibilidade às doenças ou insetos-praga, fertilização, custos de manutenção e longevidade de árvores urbanas. O comprometimento estético é observado, assim como a desestruturação de raízes e troncos. Não mais havendo a sustentação adequada das plantas atacadas, o perigo do tombamento precoce é iminente, sendo este alarmante em áreas adjacentes as habitações. Inúmeros casos são observados nas cidades, principalmente em épocas chuvosas, onde a quebra de estipes de palmeiras, galhos, troncos ou a queda de árvores inteiras podem levar a acidentes e a prejuízos de grande monta. As árvores infestadas por cupins subterrâneos são focos de dispersão a outras árvores sadias e construções adjacentes. A reinfestação de edificações tratadas pode ser oriunda de árvores infestadas, sendo que a ocorrência inversa edificação-árvore também é verdadeira.

A má condução das árvores em ambiente público, com estrangulamentos das bases de troncos devido ao calçamento muito próximo e inadequado, corte de raízes superficiais de sustentação ou mesmo neutralização, podas incorretas, árvores com “ocos” e troncos e raízes “cimentados”, facilitam sobremaneira futuras infestações termíticas, mesmo em espécies botânicas possivelmente menos sensíveis ao ataque de insetos xilófagos (que se alimentam de madeira). O estresse leva a um estado de baixa resistência geral, comprometendo seriamente o vigor do vegetal acometido.

Apenas visualizações externas (túneis, danos, etc.) não correspondem à realidade de infestações termíticas em árvores urbanas, sendo que inúmeras delas, aparentemente saudáveis, apresentam-se com sérios comprometimentos internos, tão somente observados após a sua prospecção (perfuração) interna.

Ocorrência e diagnóstico de cupins subterrâneos na arborização urbana

Alguns gêneros de cupins subterrâneos são conhecidos como pragas tanto na arborização urbana, quanto em edificações. Determinadas espécies de cupins possuem especial destaque, levando a sérios comprometimentos na estrutura arbórea e a elevados danos estéticos e limitantes. A espécie exótica de cupim subterrâneo Coptotermes gestroi é considerada uma das principais causadoras de lesões, danificando seriamente raízes e troncos, levando muitas vezes ao tombamento precoce de árvores ou facilitando a entrada de agentes decompositores (fungos, etc.), acelerando assim o processo de degradação natural.

Apesar da aparência saudável de algumas árvores urbanas infestadas por cupins subterrâneos, a fragilidade delas é evidente e de tombamento iminente, devido ao preferencial consumo do cerne em determinadas espécies botânicas. Muitas vezes os caminhamentos típicos da infestação termítica podem ser visualizados externamente em troncos e galhos, sob cascas ou por entre rachaduras presentes nas árvores. Os cupins penetram pelas raízes, infestando tanto árvores jovens quanto adultas, levando a queda de ramos, morte e tombamento da árvore infestada. Visualizações externas de troncos e estipes, com presença de caminhamentos (túneis) ou danos diretos, visam à determinação da infestação termítica. Mesmo sendo feitas as observações externas, há a necessidade de prospecção do caule com brocas apropriadas para um diagnóstico pormenorizado. O estado geral de árvores inclui a visualização de declínio, amarelecimento, seca e queda prematura de folhas (fora de época), podas inadequadas, lesões, rachaduras ou lacerações superficiais ou profundas em troncos, galhos e raízes, florescimento tardio ou precoce (fora de época) ou não florescimento, brotamento tardio, plantio em local inadequado (sem espaço, em solos exauridos ou pobres) e estresse generalizado, aventando a probabilidade da existência de infestação termítica nas plantas.

A falta de critérios no diagnóstico, quando na suspeita de infestação de árvores, leva a dificuldades na tomada de decisões tanto para o controle, quanto para a supressão (remoção) ou não de árvores. Considerar apenas os danos externos pode remeter a inverdades, pois eles, muitas vezes, não se mostram visíveis. No caso de C. gestroi, por exemplo, os danos podem ter início no cerne das árvores. Assim, árvores visual e aparentemente saudáveis ou insuspeitas de infestação estariam seriamente comprometidas.

O Instituto Biológico (IB) desenvolveu uma metodologia prática e de baixíssimo custo de prospecção interna de árvores urbanas, para a determinação da porcentagem estimada de danos internos causados por infestações termíticas subterrâneas.

Pesquisa realizada pelo IB em área na cidade de São Paulo, durante 8 anos, em mais de 1.600 árvores viárias de 52 espécies diferentes, identificou espécies nativas e exóticas de maior e menor susceptibilidade a infestação pelos cupins subterrâneos Coptotermes, Heterotermes e Nasutitermes. Dentre as principais espécies nativas, as de maior susceptibilidade na área estudada foram Sibipiruna, Quaresmeira e Cambará e, dentre as espécies exóticas, as de maior susceptibilidade foram Jacarandá-mimoso, Flamboyant, Tipuana e Alfeneiro. Estudos sobre a importância dos cupins C. gestroi e Nasutitermes spp. em palmeiras ornamentais, levando a prejuízos significativos e limitantes às plantas infestadas, também foram relatados por esta Instituição.

Manejo de cupins em árvores urbanas

As práticas silviculturais em plantações em larga escala são muito importantes e devem ser consideradas antes mesmo de intervenções químicas preventivas ou curativas. Estas estratégias também são aplicáveis para a silvicultura urbana, onde as árvores são plantadas em agrupamentos impróprios ou adensadas inadequadamente, sofrendo um estresse muitas vezes desnecessário.

A escolha da espécie mais adequada ao local (jardim, calçamento, parque, etc.), o preparo do solo, espaçamento entre plantas e para enraizamento, entre outros fatores, são cruciais para o desenvolvimento da planta. O uso de espécies tolerantes, a redução de injúrias mecânicas, podas drásticas e o levantamento e monitoramento de espécies de cupins e formigas endêmicos e nas adjacências antes do plantio são práticas que podem atenuar futuras infestações no local. Apenas a preocupação com aspectos paisagísticos e estéticos, em detrimento das reais necessidades da espécie botânica escolhida, deve ser abolida. O controle de cupins em áreas de paisagismo urbano está intimamente relacionado com o conhecimento e a análise criteriosa de cada caso. A identificação correta da espécie e o dimensionamento de seu ataque, seguido da análise das condições dos locais atingidos, são necessários para se determinar a metodologia e o produto mais adequado para o controle. A aplicação de medidas preventivas visa tentar evitar o ataque ou danos dos cupins, envolvendo custos que nem sempre são bem aceitos pela sociedade.

O tratamento em árvores urbanas deve ser realizado por técnicos especializados, com experiência na identificação das espécies xilófagas e conhecimento em biologia e comportamento. O uso dos inseticidas domissanitários deve ser criterioso, respeitando as normas de segurança para que não haja contaminação ambiental e intoxicação de pessoas e animais, bem como a morte de árvores devido à fitotoxicidade do produto utilizado. Os ingredientes ativos fipronil, etofenproxi, imidaclopride e thiametoxan são alguns dos principais inseticidas domissanitários registrados para o controle de cupins em área urbana. O tratamento de árvores urbanas com inseticidas domissanitários líquidos, sempre diluídos em água, procede infiltrando-os através de perfurações em troncos de árvores comprometidas. Após a aplicação, os orifícios deverão ser obliterados com borracha de silicone ou espuma poliuretânica, evitando-se o apodrecimento precoce, catalisado pela penetração de chuvas. Em mudas e arbustos, a calda inseticida deverá ser infiltrada com haste injetora ou disposta em coroamento no solo, junto ao colo da planta, sendo que, para a prevenção de mudas, anterior ao plantio, os mesmos procedimentos e recomendações deverão ser seguidos.

A utilização de cimento em ferimentos, orifícios ou com a intenção de preenchimento de “vazios” (tecidos consumidos) não é recomendada. O peso extra proporcionado às árvores leva a desestruturação, desequilíbrio e aceleração da lesão tecidual.

Referências consultadas

Amaral, R. D. de. Diagnóstico da ocorrência de cupins xilófagos em árvores urbanas no bairro de Higienópolis, na cidade de São Paulo. ESALQ, Univ. de São Paulo. Dissertação de Mestrado, 71p., 2002.

Brazolin, S. Biodeterioração, anatomia do lenho e análise de risco de queda de árvores tipuana (Tipuana tipu), nos passeios públicos na cidade de São Paulo, SP. ESALQ. Univ. de São Paulo. Tese de Doutorado, 265p. 2009

Costa-Leonardo, A. M. Cupins-praga, morfologia, biologia e controle. UNESP Rio Claro, 128 p. 2002.

Potenza, M.R.; Zorzenon, F.J. Cupins: pragas em árvores e gramados urbanos In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. Plantas ornamentais: doenças e pragas. Cap. 11, p. 249-275, 2008.

Zorzenon, F.J.; Justi Junior, J. Manual Ilustrado de Pragas Urbanas e Outros Animais Sinatrópicos. Instituto Biológico: São Paulo, 151p., 2006.

Zorzenon, F.J.; Potenza, M.R. (Coords.). Cupins: Pragas em Áreas Urbanas. Boletim Técnico n.18, São Paulo, 66p., 2006.

Zorzenon, F.J. Principais pragas das palmeiras. In: Alexandre, M.A.V; Duarte, L.M.L.; Campos-Farinha, A.E. de C. Plantas ornamentais: doenças e pragas, Cap. 10, p. 207-247, 2008.

Zorzenon, F.J. Levantamento, dimensionamento de danos e manejo de cupins subterrâneos e formigas carpinteiras em arborização urbana. Instituto Biológico, Dissertação de Mestrado, 131p., 2009. 

Fonte: Institututo Biológico

segunda-feira

Mosca-branca-do-ficus

Pesquisadores da UFRRJ anunciam a descoberta de uma nova espécie no País 

Dando prosseguimento as pesquisas sobre os aleirodídeos que ocorrem no Brasil, os pesquisadores Aurino Florencio de Lima e Francisco Racca Filho, do Departamento de Entomologia e Fitopatologia, Instituto de Biologia, coletaram uma espécie ainda não assinalada em nosso país em folhas de Ficus benjamina, no início deste mês em Campo Grande, Rio de Janeiro-RJ. A espécie foi identificada como Singhiella simplex (Singh, 1931), descrita originalmente na Índia, coletada em F. benghalensis. No passado, esta espécie tinha sua ocorrência restrita à Índia, Burma e China. 
Em 2007, a espécie foi assinalada pela primeira vez na Flórida (EUA), causando severos danos em diversas espécies de figueiras (F. altissima, F. aurea, F. benjamina, F. lyrata, F. maclellandii e F. microcarpa) usadas em arborização pública e em cercas, no condado de Miami, com desfolhamento intenso e até morte de plantas. Atualmente, vem se espalhando pelas Américas já tendo sido assinalada em Porto Rico, Jamaica, Ilhas Cayman e agora no Brasil. Sendo insetos sugadores de seiva, os aleirodídeos, seja em suas formas imaturas, semelhantes a pequenas escamas ou nos diminutos adultos alados, inoculam substâncias toxicogênicas nas folhas, provocando um rápido amarelecimento e queda prematura das mesmas. 
As plantas infestadas começam a ser desfolhadas, apresentando morte de ramos e, quando o ataque é mais intenso, até sua morte. Esta espécie vem se somar a outras de origem asiática (Aleuroclava jasmini, Dialeurodes kirkaldyi e Minutaleyrodes minuta) já assinaladas pelos professores em tela, em trabalho apresentado em 2006 no Congresso Brasileiro de Entomologia realizado em Recife-PE.

Abaixo registros de infestação em Ficus benjamina na cidade de São Paulo.

 Exemplar infestado em área urbana na cidade de São Paulo

Adulto de Mosca-branca e ninfas (acima); controle biológico por cocinelídeos (larva de joaninha,abaixo)

Fonte: Rural Semanal - Informativo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Ano XVI : Agosto/Setembro, 2009